• Carregando...
Avenida Marechal Deodoro, em Curitiba, foi palco de manifestação em defesa do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol
Avenida Marechal Deodoro, em Curitiba, foi palco de manifestação em defesa do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol| Foto: Divulgação / Deputado Fabio Oliveira

Um misto de indignação, furor e devoção cívica marcou o protesto realizado em Curitiba neste domingo (21/05) contra a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral.

As milhares de pessoas, vestidas de preto em sinal de luto, mas sem abrir mão do verde e amarelo, pareciam incrédulas de que uma chicana jurídica possa ter invalidado os 345 mil votos dados ao parlamentar na última eleição, fazendo dele o mais votado do Paraná. O TSE decidiu pela cassação do mandato do ex-chefe da Lava Jato mesmo sem existir um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra ele, apenas com base na hipótese de que o procurador pediu demissão para evitar punição e a inelegibilidade.

O clima da manifestação, contudo, esteve longe de tristeza ou admissão de derrota. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que comanda articulação por uma CPI do Judiciário, ironizou o ministro Gilmar Mendes, do STF, que afirmou que Curitiba "tem o germe do fascismo". "Na verdade, foi aqui que surgiu o germe do combate à corrupção. E hoje Curitiba ressurge para dar exemplo de que nós não temos medo", disse Hattem.

Nome do procurador da Lava Jato fica fortalecido

Aos gritos de "juntos com Deltan", muitos manifestantes expressaram a convicção de que a carreira política do ex-procurador da Lava Jato de 43 anos está apenas começando. A cassação, que consideram injusta e lutam para reverter, poderá acabar tendo efeito contrário, cacifando o nome de Deltan para voos ainda mais altos.

“Tenho certeza de que Deltan voltará ao Congresso e ocupará o cargo que desejar ocupar, porque ele representa a voz do povo, a voz dos paranaenses. Esse arbítrio do TSE acaba projetando a imagem do Deltan, e tudo isso é um impulso para quem sabe ele se tornar um futuro prefeito, governador ou senador. O povo não aceita uma barbaridade dessas calado”, disse o advogado Ricardo Alexandre, de 46 anos, que foi ao protesto com a esposa, Silvia, e a filha Sofia, de 4 anos.

O protesto reuniu muitas famílias, de crianças de colo com poucos meses até vovós octogenários. O engenheiro civil José Eduardo Cavalli carregou o tempo todo os filhos: a pequena Helena, de 5 meses, dormia a tiracolo, e Enzo José, de 2,5 anos, gritava sobre os ombros do pai “justiça, justiça”. “Ele está aprendendo desde pequeno a defender os valores de justiça, a ser um cidadão. Espero que leve isso pelo resto da vida”, disse José Eduardo, ao lado da esposa, Heloísa, administradora de empresas.

O engenheiro civil José Eduardo Cavalli com os filhos Helena e Enzo, e a esposa, Heloísa, no protesto contra a cassação do deputado Deltan Dallagnol
O engenheiro civil José Eduardo Cavalli com os filhos Helena e Enzo, e a esposa, Heloísa, no protesto contra a cassação do deputado Deltan Dallagnol| Marcos Tosi / Gazeta do Povo

Deltan critica tentativa de "fechar as portas do voto"

Em seu discurso, o próprio Dallagnol falou como alguém convicto de que está longe de ter encerrado a carreira. “Em mais de um momento na história, eles achavam que estavam enterrando um cristão, mas se enganaram. Acharam que era o fim da história de José, o fim da história de Daniel, o fim da história de Jesus. Mas eles estavam na verdade plantando a mudança”, afirmou. “Estamos aqui hoje para que não exista juristocracia ultrapassando a linha. Quando fecham as portas do voto, estão fechando as portas da democracia”.

A vereadora de Curitiba Indiara Barbosa (Novo) pedia para que os manifestantes não esquecesse de assinar um abaixo-assinado suprapartidário para instalação de CPI para investigar abusos do judiciário. O abaixo-assinado on-line já tem mais de 400 mil adesões. “É um absurdo porque aqui no Paraná o Tribunal Regional Eleitoral por unanimidade considerou que o Deltan poderia ser candidato, sem problemas. E agora em Brasília o TSE, também por unanimidade, cassa o mandato dele? Não tem lógica, qual é a segurança jurídica que existe em nosso país?”, questionou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]