A Polícia Federal afirmou que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o avião presidencial para levar as joias sauditas aos Estados Unidos. A informação consta no relatório final da PF sobre a investigação do suposto esquema de venda de presentes oficiais. Bolsonaro e 11 assessores foram indiciados pela PF.
O relatório final foi entregue na última sexta-feira (5) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta segunda (9), o ministro Alexandre de Moraes levantou o sigilo do documento. Segundo a investigação, parte das joias foram levadas para o exterior no dia 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro e sua comitiva foram para os Estados Unidos.
“As diligências realizadas apontam que Jair Messias Bolsonaro e sua equipe utilizaram o avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, na proximidade do fim de seu mandato presidencial, para evadir do país os bens de alto valor desviados, levando-os para os Estados Unidos da América”, disse a PF no parecer.
Em seguida, os bens teriam sido encaminhados para lojas especializadas em venda e em leilão de objetos e joias de alto valor, nas cidades de Miami (Flórida), Nova York (NY) e Willow Grove (Pensilvânia).
A PF concluiu que, em pelo menos três ocasiões, presentes oficiais recebidos pela governo Bolsonaro foram retirados do Brasil por meio do avião presidencial. O conjunto de itens masculinos da marca Chopard e duas esculturas douradas (em formatos de barco e árvore) foram levados na viagem de 30 de dezembro de 2022.
O relatório indica ainda que “esse modus operandi” já havia ocorrido em junho daquele ano com o kit de ouro branco. “Esse modus operandi ocorreu em 08 de junho de 2022, quando o ‘kit ouro branco’ e o relógio Patek Philippe foram enviados ao exterior, depois, já no final do seu mandato, novamente no dia 30 de dezembro de 2022, o avião da Força Aérea brasileira foi utilizado para enviar as esculturas douradas e o ‘kit ouro rose’”, diz o parecer.
Os investigadores citam que Bolsonaro teve o auxílio de seu então ajudante de ordens, Mauro Cid, para retirar as peças do país "sob a cortina" de estar realizando viagens oficiais.
“Com a finalidade de distanciar e ocultar, das autoridades brasileiras, os atos ilícitos de venda dos bens e posterior reintegração ao seu patrimônio, por meio de recursos em espécie, o então Presidente Jair Bolsonaro, com o auxílio de seu ajudante de ordens, Mauro Cesar Cid, utilizou o avião presidencial, sob a cortina de viagens oficiais do então chefe de Estado brasileiro para, de forma escamoteada, enviar as joias aos Estados Unidos”, disse a PF.
PF diz que houve operação "verdadeira operação" para resgatar joias
De acordo com a PF, três kits de joias foram levados para os Estados Unidos no avião presidencial. O relatório apontou anda que "os envolvidos estruturaram uma verdadeira operação para resgatar os bens".
Em agosto do ano passado, advogado Frederick Wassef admitiu ter recomprado o Rolex após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar a devolução do item. Ele afirmou que foi aos EUA no dia 14 de março de 2023 e usou o próprio dinheiro para reaver a peça. Segundo o advogado, o ex-presidente não solicitou a recompra do relógio.
"Após a divulgação de matérias jornalísticas relatando o recebimento de kits de joias por integrantes do governo brasileiro em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, oferecido por autoridades estrangeiras, a investigação identificou que os envolvidos estruturaram uma verdadeira operação para resgatar os bens, que estavam em estabelecimentos comerciais nos Estados Unidos, para retornarem ao Brasil e serem devolvidos ao governo brasileiro, tudo para cumprir uma decisão exarada pelo Tribunal de Contas da União", disse a PF.
Em nota divulgada nesta tarde, a defesa de Bolsonaro classificou o inquérito das joias como “insólito” e ressaltou que o ex-presidente "em momento algum pretendeu se locupletar ou ter para si bens que pudessem de qualquer forma, serem havidos como públicos".
Os itens que teriam sido levados pela comitiva de Bolsonaro no avião presidencial, segundo a PF, são:
1º conjunto: itens masculinos da marca Chopard contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe ("masbaha") e um relógio recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem a Arábia Saudita, em outubro de 2021;
2º conjunto: kit de joias formado por um anel, abotoaduras, um rosário islâmico ("masbaha”) e um relógio da marca Rolex, de ouro branco, entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quando de sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019;
3º conjunto: formado por uma escultura de um barco dourado, sem identificação de procedência até o momento, e uma escultura de uma palmeira dourada, entregue ao ex-presidente, em 16 de novembro de 2021, quando participou do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, ocorrido na cidade de Manama, no Bahrein.
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