Nove pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal pela morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho de 2022, nas proximidades da terra indígena Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM).
O caso, que ganhou repercussão internacional por conta de dificuldades durante a investigação, teve o inquérito concluído na última sexta (1º) e divulgado na manhã desta segunda (4).
De acordo com a PF, Bruno e Dom foram mortos “em decorrência das atividades fiscalizatórias promovidas” por eles na região. “A vítima atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas”, pontuou a autoridade.
A Polícia Federal afirma, ainda, que a investigação da morte de Bruno e Dom revelou a existência de uma organização criminosa na região de Atalaia do Norte ligada à pesca e caça predatórias, gerando impactos socioambientais e ameaças aos servidores e indígenas.
“A Polícia Federal, ao longo de dois anos de investigação, promoveu o indiciamento de nove investigados, tendo sido devidamente identificado no relatório final o mandante do duplo-homicídio, o qual forneceu cartuchos para a execução do crime, patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa e interviu para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas. Os demais indiciados tiveram papéis na execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres das vítimas”, afirmou a autoridade no relatório.
Entre os indiciados pela morte de Bruno e Dom está Rubén Daio da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, apontado como o mandante do duplo homicídio. “O coordenador do grupo criminoso foi identificado no relatório final da Polícia Federal e se encontra preso”, cita.
O relatório da investigação foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) que, posteriormente, decidirá se oferece denúncia contra os indiciados à Justiça.
Dom Phillips estava no Brasil há cerca de 15 anos apurando reportagens sobre crise ambiental e desafios das comunidades indígenas da Amazônia. Já Bruno Pereira era especialistas em tribos indígenas isoladas e chegou a ocupar o cargo de coordenador regional no Vale do Javari.
Eles desapareceram enquanto realizavam uma expedição investigativa na Amazônia, e foram vistos pela última vez em 5 de junho de 2022 ao passarem pela comunidade de São Rafael. A dupla viajava rumo a Atalaia do Norte, um trajeto de 72 quilômetros que deveria durar cerca de duas horas.
Após uma busca intensiva, os restos mortais foram localizados em 15 de junho após a confissão de Amarildo da Costa Oliveira, um dos envolvidos, que indicou o local onde os corpos estavam. Exames periciais indicaram que Bruno foi atingido por três tiros, dois no tórax e um na cabeça, enquanto Dom foi baleado uma vez no tórax. Em seguida, os corpos foram esquartejados, queimados e enterrados.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião