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Gustavo Gayer
Investigação aponta que recursos da cota parlamentar eram desviados através de uma oscip.| Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de uma operação da Polícia Federal, na manhã desta sexta (25), por suspeita de desvio de recursos da cota parlamentar a que tem direito. As investigações que levaram à Operação Discalculia apontam que a verba era destinada a uma organização da sociedade civil de interesse público (oscip) pelo deputado e assessores, que também foram alvos da ação.

À Gazeta do Povo, Gayer afirmou não saber o motivo dos mandados de busca e apreensão, mas que as primeiras informações apontam que o inquérito seria relativo a um prestador de serviços que trabalhou para ele entre março e abril deste ano para divulgar atividades parlamentares nas redes sociais, e que teria sido pago com recursos da cota.

“Vou seguir trabalhando para acabar com essa ditadura que estamos vivendo”, disse ressaltando que acha curioso que a operação tenha ocorrido a apenas dois dias do segundo turno das eleições municipais em que ele apoia o correligionário Fred Rodrigues (PL) contra Sandro Mabel (União) em Goiânia.

Ao todo, são cumpridos 19 mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília e nas cidades goianas de Goiânia, Cidade Ocidental, Valparaíso de Goiás e Aparecida de Goiânia.

Este prestador, disse o deputado, teria participado dos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília e já estaria preso, e teria sido remunerado pelo trabalho nas redes com recursos da cota parlamentar. No entanto, os advogados de Gayer não conseguiram ter acesso ao teor completo da denúncia.

No meio da manhã, a Gazeta do Povo teve acesso à petição da Polícia Federal que autorizou a operação e que aponta o suposto uso das verbas da cota parlamentar para a contratação do prestador de serviço para o "desempenho de demandas privadas, bem como teria utilizado verbas públicas para manter, ainda que parcialmente, essas atividades privadas".

Gustavo Gayer disse que teve um celular, um computador e cerca de R$ 1,7 mil apreendidos pela PF. No entanto, seu passaporte e armas não foram levados. Ele também disse que não foi chamado para prestar depoimento. O deputado afirmou, ainda, não saber de quem seriam os R$ 70 mil em espécie supostamente apreendidos em um dos mandados, segundo registram alguns veículos de imprensa.

No entanto, no começo da tarde, Gayer publicou um vídeo em uma rede social mostrando a suposta escola de inglês que teria recebido dinheiro desviado da cota parlamentar, mas que na verdade é seu escritório político em Goiânia. Também mostrou um de seus assessores -- de nome Bruno, que se apresenta como advogado -- falando que a mãe dele teve dinheiro de economias apreendido pela Polícia Federal, mas sem afirmar se seriam os R$ 70 mil citados acima.

Porta "esmurrada" pela PF

Um pouco mais cedo, em um vídeo nas redes sociais, Gustavo Gayer disse que foi acordado às 6h com a porta de casa “sendo esmurrada pela Polícia Federal” a “dois dias do segundo turno” das eleições municipais. Afirmou, ainda, não saber do teor do inquérito, que está em sigilo e foi aberto no dia 24 de setembro.

“Não dá pra saber nada, não dá pra ter nenhuma informação sobre o que se trata. Sei que alguns assessores meus também receberam a busca e apreensão, alguns deles trabalha com rede social fazendo card e vídeo. Esse é o Brasil que a gente vive, que a gente está vivendo agora. É surreal o que está acontecendo. Onde que isso vai parar”, questionou.

Ele emendou afirmando que “essa democracia relativa está custando caro para o nosso país”. Gayer pontuou que o inquérito é físico, o que dificulta o acesso pelos advogados que precisarão pedir autorização a Moraes para analisarem as informações, e ainda terão de se deslocar a Brasília para consultar o processo.

Gayer ainda criticou a atuação da Polícia Federal e disse que está sendo tratado como um criminoso. Ele ainda disparou contra Moraes afirmando que “quando você manda fazer uma busca e apreensão na casa de alguém, essa pessoa é como recebesse um carimbo de honesto, de pessoa idônea que luta pela democracia e libertar o Brasil”.

“Vamos ver qual vai ser a narrativa que eles vão criar, a desculpa, o motivo e acrobacia jurídica que inventaram para na sexta-feira, antes da eleição no domingo, para mandar a Polícia Federal na minha casa”, pontuou.

De acordo com a PF, os investigados podem ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato-desvio.

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