O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), formalizou nesta quarta-feira (27) sua entrada no PSD com a missão de ser o primeiro candidato a presidente da República da história da legenda fundada e comandada pelo ex-ministro Gilberto Kassab. Desde sua fundação, o PSD se caracteriza como um partido de centro, célebre por dar apoio a políticos de diferentes vertentes.
O fato de o PSD ter um concorrente ao Palácio do Planalto, porém, não deve afetar a relação entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e os membros do partido que estão no Congresso Nacional. A tendência é que o PSD continue com suas correntes favoráveis e contrárias a Bolsonaro, e mesmo que parte significativa de seus integrantes desconsidere o projeto encabeçado por Pacheco.
“A quase totalidade da bancada não vai apoiar essa candidatura. A maioria vai ficar com Bolsonaro, e outros votarão em Lula”, afirmou à Gazeta do Povo um deputado federal do PSD que é defensor do governo federal.
O partido tem, na Câmara, alguns notórios aliados do presidente, como Éder Mauro (PA), Sargento Fahur (PR) e Reinhold Stephanes Júnior (PR). Também é deputado federal pela sigla o coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, Cezinha de Madureira (SP). O segmento evangélico é uma das principais bases de sustentação de Bolsonaro. A plataforma Radar do Congresso, mantida pelo site Congresso em Foco, identifica que parte significativa dos deputados federais do PSD tem taxa de “governismo” superior a 90%. O indicador apura o percentual de vezes em que o parlamentar votou de acordo com as diretrizes do governo.
Já no Senado, o PSD tem dois parlamentares que protagonizaram a CPI da Covid, com pronunciamentos em série contra o governo Bolsonaro. São o presidente da comissão, Omar Aziz (AM), e Otto Alencar (BA). O representante da Bahia é médico de formação e se notabilizou em embates com simpatizantes de Bolsonaro dos quais divergia em relação à pandemia, como ocorreu quando a comissão ouviu a médica Nise Yamaguchi.
Embora o PSD não esteja entre os partidos líderes em número de filiados — tem menos representantes do que siglas menos expressivas, como PSC, Cidadania e PTB —- é um dos mais influentes do Congresso. Detém 35 deputados federais, a quinta maior bancada da Câmara, e, com a chegada de Pacheco, 12 senadores, o segundo maior contingente da Casa.
A adesão de Pacheco faz com que o partido passe a ter 100% da bancada mineira de senadores — os outros representantes são Carlos Viana e Antonio Anastasia. Curiosamente, nenhum dos três foi eleito pelo PSD. Pacheco era filiado ao DEM, Viana ao PHS e Anastasia ao PSDB.
PSD vai permanecer independente, diz líder no Senado
O líder do partido no Senado, Nelsinho Trad (MS) — ele também não eleito pelo PSD, e sim pelo PTB —, afirmou que a chegada de Pacheco não modifica os posicionamentos da legenda — nem em relação ao governo Bolsonaro, e nem à Presidência do Senado. “O PSD sempre foi uma bancada independente. Nunca impusemos condições para apoiar este ou aquele nome. E isso vai continuar”, declarou.
Em relação ao projeto presidencial de Pacheco, o senador disse identificar uma coesão dos parlamentares em torno do nome. “A bancada vai demonstrar seu entusiasmo em torno do projeto”, declarou. Trad afirmou que a expectativa é que os senadores produzam, em seus estados, “eventos iguais aos que Eduardo Paes fez no Rio” — o prefeito da capital fluminense foi o anfitrião do lançamento da pré-candidatura de Pacheco. Os 12 senadores do partido representam nove estados diferentes.
Trad opina ainda que o fato de o PSD passar a ser o partido do presidente do Senado não altera a relação dos membros da bancada com Pacheco. Para ele, ocorrerá a manutenção de uma relação que foi positiva desde seu início. “O PSD foi o primeiro partido a apoiar Pacheco para presidente do Senado. Temos com ele uma relação mútua de respeito e consideração. Somos críticos construtivos, e assim continuaremos”, afirmou.
Partido já teve pré-candidato em 2018
O PSD foi fundado em 2011 e, nas eleições presidenciais que ocorreram desde então, optou por integrar as coligações majoritárias de outros partidos. Apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) em 2018 e, quatro anos antes, esteve ao lado de Dilma Rousseff (PT).
Para 2018, porém, o partido chegou a ter um pré-candidato. Foi Henrique Meirelles, que na ocasião era filiado à sigla e ministro da Fazenda do governo de Michel Temer. O PSD fazia parte da base de sustentação de Temer e Meirelles aspirava a Presidência. A marca que ele tentava apresentar ao Brasil era de líder da recuperação econômica que o país almejava ter depois da crise registrada no segundo mandato Dilma.
Meirelles, porém, acabou não encontrando apoio no PSD para formalizar sua pretensão presidencial. Ele acabou migrando ao MDB, no qual efetivamente foi candidato, embora sem o apoio da maior parte das lideranças do partido. Terminou a disputa na sétima colocação, com apenas 1,20% dos votos válidos.
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