Ouça este conteúdo
A escolha do presidente Lula pelo nome da presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), para assumir o cargo de ministra das Relações Institucionais, abriu uma disputa interna na legenda para a escolha do seu próximo presidente.
Gleisi está no comando do partido desde 2017, quando substituiu Rui Falcão, e deve permanecer no cargo até o dia 10 de março, quando assumirá o posto de ministra de Estado. Como haverá novas eleições para a presidência do partido em julho deste ano, o nome que assumirá agora ocupará um mandato-tampão durante quatro meses.
A cúpula petista deve debater o assunto em uma reunião após o feriado de carnaval, possivelmente na quinta (6) ou na sexta-feira (7). Uma exigência do estatuto petista é que o presidente integre a Executiva Nacional do partido, composto por 29 nomes. No entanto, até o momento apenas dois nomes despontam como principais cogitados para assumir o cargo: o senador Humberto Costa (PT-PE) e o deputado federal José Guimarães (PT-CE).
Ambos são vice-presidentes da sigla e exercem grande influência no partido. Costa é líder do governo no Senado, enquanto Guimarães é líder do governo na Câmara.
O senador pernambucano já foi ministro de Saúde no primeiro mandato de Lula. Em 2010, foi eleito o primeiro senador do PT por Pernambuco, sendo reeleito em 2018 para o atual mandato, que se estende até 2026. Após a indicação de Gleisi, Humberto Costa rasgou elogios à atual presidente petista: “Vale lembrar do quanto ela articulou alianças do PT com a sua sensibilidade, inteligência política e competência, especialmente na última eleição do presidente Lula, em busca do consenso e do diálogo. Preparem-se para morder a língua”, disse.
Já o deputado cearense ocupa uma cadeira na Câmara desde 2007, exercendo funções de destaque, como vice-líder e líder do PT, vice-líder do governo e líder do governo. Nos bastidores do Planalto, seu nome estaria enfraquecido para assumir a presidência por aparecer em áudios encontrados pela Polícia Federal (PF) em uma investigação que apura compra de votos e supostos desvios de recursos em emendas parlamentares no Ceará.
Por outro lado, o grupo político que possui maior influência dentro do partido – o Construindo um novo Brasil (CNB) –, do qual fazem parte Gleisi e Lula, tem interesse em emplacar o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva como presidente definitivo do partido a partir de julho, mas o político não pode assumir desde já porque não figura na Executiva Nacional petista.