A suspeita de omissão das forças federais de segurança nos atos de vandalismo de 8 de janeiro vai perdurar após o fim da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar esses fatos. As lacunas não resolvidas seguirão devido à obstrução promovida pela maioria governista na CPMI.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o senador Esperidião Amin (PP-SC) afirmou que isso significa que as evidências de inação relacionadas ao ministro da Justiça, Flávio Dino, que não acionou a Força Nacional de Segurança Pública no tempo adequado, permanecerão como uma pressão persistente sobre as autoridades do governo federal.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, agendou a leitura de seu relatório para 17 de outubro, encerrando assim os trabalhos do colegiado, sem contemplar investigações sobre Dino, de quem é aliada política. Desde o início da CPMI, o pedido principal da oposição tem sido a convocação do chefe da Força Nacional em 8 de janeiro para explicar por que a corporação não agiu.
Embora Amin considere prudente aguardar até quinta-feira (28) para ver se será alcançado um acordo entre governo e oposição para aprovar os últimos requerimentos da CPMI, a impressão do senador é de que os governistas conseguiram criar o “desgaste desnecessário” sem, no entanto, fortalecer as suas alegações de suposto golpe de Estado liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Ao não esclarecer o fato cada vez mais evidente de que a própria corporação estava ciente dos alertas dos serviços de inteligência sobre os riscos em 8 de janeiro e que suas tropas estavam disponíveis durante todo o período dos atos de vandalismo, o governo agora corre o risco de deixar deliberadamente dúvidas pairando no ar”, analisou o senador.
Da mesma forma, ao insistirem em não investigar a omissão da Força Nacional, eles também vão consagrar a suspeita que vai sobreviver à comissão.
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União Brasil), colocou a aprovação do pedido de convocação do chefe da Força Nacional como uma pré-condição para discutir os demais requerimentos, incluindo os propostos por governistas que visam interrogar ex-comandantes das Forças Armadas sobre suposta reunião deles com Bolsonaro para tratar de um suposto plano de intervenção militar.
“Sem esclarecer o fato, que fica cada dia mais claro sobre os alertas da própria corporação terem se somados aos dos serviços de inteligência sobre os riscos do 8 de janeiro e de que seus pelotões estavam à disposição todo o período dos atos de vandalismo, o pior para o governo agora é justamente deixar propositalmente a dúvida no ar”, analisou.
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