O apoio do Partido Liberal à reeleição do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), dependerá do apoio dado pelo partido de Baleia Rossi (MDB) ao deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições 2024. A informação foi confirmada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Ele afirmou à Gazeta do Povo que irá se encontrar com Rossi para discutir a troca de apoio entre os partidos. Dentre os termos, Costa Neto pede que o MDB retire a candidatura do deputado federal Ottoni de Paula (MDB-RJ) ao Executivo municipal.
“Ainda não sentamos para conversar. Nosso maior trabalho será resolver o apoio de Bolsonaro [a Nunes]. Nós queremos o partido [MDB] com a gente. Não há uma preocupação com o candidato do Rio [Ottoni] porque ele não tem voto. Mas, claro, o MDB com a gente, ele estaria fora”, disse o presidente do PL.
Apoio a Nunes ganha novo capítulo
A declaração de Costa Neto marca um novo capítulo na negociação entre PL e MDB para as eleições de 2024. No último dia 22 de dezembro, o presidente do PL afirmou que Bolsonaro já havia decidido apoiar Nunes.
"Nesta semana, Bolsonaro deu o assunto por encerrado e vamos de Ricardo Nunes. Ele disse ainda que vamos ter uma surpresa com o nome escolhido para vice", afirmou Costa Neto ao jornal O Globo. A informação foi confirmada pelo Partido Liberal à Gazeta do Povo.
Além da candidatura no Rio, parte da negociação entre os dois partidos também envolve a escolha do vice de Nunes por parte de Bolsonaro. A especulação nos bastidores é que seja um nome ligado à segurança pública.
Negociações entre Costa Neto e Rossi podem tirar Salles da disputa
O deputado Ricardo Salles (PL) é outro cotado para disputar a prefeitura de São Paulo, eventualmente pelo PL. Na última sexta-feira (5), o parlamentar afirmou que “aguarda Bolsonaro voltar de viagem” para definir a questão. No entanto, caso as negociações entre PL e MDB sigam como o esperado por Costa Neto, o nome do deputado pode ser limado do pleito.
Em outubro, Bolsonaro chegou a garantir o apoio ao deputado, mas pediu um tempo para convencer o seu partido, o PL. Com as indefinições sobre a disputa, no mesmo mês, Salles anunciou que sairia da legenda para concorrer à capital paulista. O movimento foi aceito por Costa Neto, que disse aos membros da sigla que liberaria o parlamentar sem o prejuízo de perder o mandato.
Com as indefinições sobre sua candidatura, Salles chegou a pedir ao PL autorização para mudar de legenda sem correr o risco de perder o mandato na Justiça Eleitoral. A ideia era entrar na disputa por um partido que nasceria da fusão do PTB com o Patriotas, mas ele mudou de ideia após as declarações públicas de Bolsonaro defendendo seu nome, em outubro do ano passado.
“Faço o que o presidente Bolsonaro determinar. No momento ele quer que eu seja candidato pelo PL”, disse Salles à CNN. Procurado pela reportagem, o deputado afirmou que só irá se pronunciar após reunião com o ex-presidente.
Apesar de Costa Neto, aliados de Bolsonaro defendem nome de Salles
De acordo com apuração da Gazeta do Povo, deputados estaduais de direita têm insistido com o ex-presidente Bolsonaro para que ele apoie seu ex-ministro. Comentando a declaração de Costa Neto sobre os acordos entre PL e MDB, um parlamentar do PL que pediu para não ser identificado afirmou que o partido tem pouco a ganhar com eventual apoio do MDB à candidatura de Ramagem.
Ele disse que no Rio de Janeiro o MDB possui pouca expressividade para conferir um apoio concreto ao pré-candidato do PL. Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a legenda comandada por Leonardo Picciani, ex-deputado federal pelo MDB, possui apenas dois parlamentares: Ottoni Paula - pai do deputado federal Ottoni de Paula que quer se candidatar a prefeito - e Rosenverg Reis. Já no estado do RJ, o partido possui sete das 92 prefeituras.
A fidelidade ideológica é outro motivo observado por aliados. Com a vitória de Lula em 2022, parlamentares de direita buscam agregar candidatos que sejam pró-Bolsonaro e estejam alinhados com o discurso conservador em temas relevantes para esse espectro político. Na visão deles, a candidatura de Nunes é vista com pouca confiança, visto que o prefeito não corresponde ao perfil da oposição.
Nunes reforça desejo de apoio de Bolsonaro
O recente desentendimento entre o prefeito e a ex-secretária Relações Internacionais Marta Suplicy mostra que o emedebista também está disposto a se desfazer de aliados para manter o apoio do ex-presidente. Com a aproximação de Nunes e Bolsonaro, Marta deixou a gestão municipal após aceitar convite de Lula para voltar ao PT e ser vice de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela prefeitura de São Paulo.
Nunes disse à imprensa que a razão da saída de Marta não está relacionada à possível aliança feita com Bolsonaro. “Isso não cola. O [ex-]presidente Bolsonaro foi almoçar comigo na prefeitura. Ela era minha conselheira, discutia as estratégias políticas", disse Nunes nesta quarta-feira (10).
Ele também reiterou seu desejo de ter o apoio de Bolsonaro. "Eu sempre falei. Não foi o presidente Lula que contou a ela que eu quero o apoio de Bolsonaro”, afirmou o prefeito ao participar da posse de conselheiros tutelares na capital.
Segurança e polarização entre direita e esquerda marcarão pleitos
Dentre os desafios para a eleição no Rio de Janeiro, os candidatos irão se deparar com a crescente onda de violência no município. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, de janeiro a novembro de 2023, a Região Metropolitana do Rio registrou 3 mil homicídios. O número representa uma alta de 7% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram registrados 2.812 homicídios. Com esse dilema, a expectativa é de que a campanha de Ramagem foque no cenário de insegurança contra Eduardo Paes, apesar de a segurança ser uma responsabilidade do estado e não do município.
Já em São Paulo, a polarização entre Nunes e Boulos pode reproduzir aspectos de polarização da eleição presidencial de 2022. Na época, Lula recebeu 3.677.921 votos, o equivalente a 53,54% do total da cidade. Já Jair Bolsonaro (PL) foi a escolha de 46,46% dos eleitores e recebeu 3.191.484 votos.
Além disso, o atual prefeito também deverá ser cobrado pelas promessas que assumiu ao substituir o ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021 por um câncer no aparelho digestivo. De acordo com levantamento feito pelo g1 com base no Relatório do Programa de Metas (2021-2024), das 77 metas estipuladas para a Prefeitura de São Paulo até o final de 2024, Nunes cumpriu apenas 13.
Dentre os indicadores, estão a ampliação do uso de lâmpadas LED na iluminação pública, atendimento da população cadastrada em programas de transferência de renda e/ou apoio nutricional e expansão da cobertura na atenção básica em saúde.
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