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Demonstração de força

Venezuela não comunicou Exército sobre exercício militar e tropas foram colocadas em alerta em RR

Venezuela faz exercício militar de larga escala e deixa tropas do Brasil em alerta
Venezuela faz exercício militar de larga escala e deixa tropas do Brasil em alerta (Foto: EFE / Miguel Gutiérrez)

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Um exercício militar realizado de surpresa pela Venezuela na fronteira de Roraima entre quarta-feira (22) e quinta-feira (23) fez o Exército Brasileiro colocar tropas em alerta e gerou tensão e rumores falsos em Pacaraima (RR) sobre a possibilidade de uma invasão militar. Cerca de 20 militares venezuelanos chegaram a violar a fronteira brasileira. Autoridades investigam se a motivação dessas tropas foi provocação ou se a ação foi acidental.

Não é prática comum que um exercício militar de larga escala ocorra na fronteira de um país e ele não seja comunicado com antecedência, segundo afirmou à reportagem um membro do Alto Comando do Exército. O objetivo de avisar com antecedência de meses e fornecer detalhes sobre a área de realização do exercício é evitar a escalada de tensão, confrontos acidentais e pânico na população local. Mas o Brasil só ficou sabendo que a Venezuela faria uma manobra militar com blindados próximo a Pacaraima no dia 21, horas antes do início da atividade.

O exercício fazia parte de uma manobra militar maior, que envolveu 150 mil tropas em todo o país e foi batizada de Escudo Bolivariano 2025. O ditador Nicolas Maduro havia dito no domingo que exercícios militares seriam realizados no país durante a semana para "defender a ordem interna", mas não houve comunicação oficial com o governo do Brasil sobre o exercício nem sobre o fechamento temporário da fronteira.

As tropas brasileiras foram colocadas em alerta na fronteira, mas não foram movimentadas para posições de batalha. Não houve nenhuma escaramuça ou conflito. No fim de 2023, o ditador Nicolás Maduro realizou um referendo para anexar 70% do território da vizinha Guiana. Para fazer isso, ele teria que passar por dentro do território brasileiro.

Desde o ano passado, as tropas em Pacaraima receberam reforços, passando de um efetivo de cerca de 150 combatentes para 450. Eles também receberam blindados Cascavel armados com canhões de 90 mm, jipes blindados Guaicuru e construíram casas matas e estruturas de defesa. O efetivo não é aumentado ainda mais pelo alto custo de se manter uma tropa numerosa em área isolada, mas o reforço enviado no ano passado deve ficar de forma permanente na região.

Tropas da Venezuela violaram fronteira do Brasil e causaram rumores falsos de invasão

O exercício venezuelano estava agendado para ocorrer entre os dias 22 e 23, mas na prática só aconteceu na manhã de terça (22). Ao final da manobra, um grupo de cerca de 50 militares venezuelanos se dirigiu para uma faixa de terra de 500 metros de extensão na fronteira entre os dois países, onde há um marco com as respectivas bandeiras delimitando a divisão dos territórios.

Eles fizeram uma pequena cerimônia militar do lado venezuelano, mas parte das tropas manobrou caminhonetes do lado brasileiro antes de retornar para dentro da Venezuela. O movimento foi filmado e acabou divulgado em redes sociais com a informação falsa de que as tropas estavam invadindo o Brasil. Não houve qualquer tipo de confronto.

Manobra militar pode estar relacionada às posses de Maduro ou Trump

A reportagem apurou que o Exército Brasileiro analisa dois fatores que podem ter motivado o exercício militar da Venezuela. O primeiro é que tropas venezuelanas já estavam mobilizadas em todo o país por causa da posse de Nicolás Maduro para um novo mandato após uma eleição fraudulenta. Ela ocorreu no último dia 10 de janeiro. Tropas foram mobilizadas em pontos de fronteira para evitar que o candidato da oposição, Edmundo Gonzales Urrutia - que venceu o pleito, mas acabou exilado -, cumprisse a promessa de entrar no país e tomar posse.

O governo venezuelano pode ter aproveitado os recursos que já estavam mobilizados em todo o país para fazer a manobra e mostrar força internamente.

O outro cenário analisado pelo Exército é que a manobra pode ser um recado de Maduro em relação ao início do governo do presidente americano Donald Trump. A mensagem implícita seria que a ditadura bolivariana tem capacidade de gerar tensão e disrupção da ordem no continente americano. Caracas é apoiada informalmente pela Rússia e pela China.

O exercício ocorreu no mesmo dia em que o secretário de Estado americano, Marco Rubio, conversou com os líderes opositores venezuelanos. Edmundo González Urrutia e María Corina Machado para reafirmar o apoio da Casa Branca à restauração da democracia no país sul-americano.

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