O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse na reunião ministerial de 22 de abril que mandaria "vagabundos para a cadeia, começando no STF [Supremo Tribunal Federal]". Ele afirmou também que quer "acabar com essa porcaria que é Brasília" e chamou a capital federal de "cancro de corrupção, de privilégio". " Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis", afirmou.
Weintraub fez também críticas indiretas a outros integrantes do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). "Realmente acho que toda essa discussão de 'vamos fazer isso', 'vamos fazer aquilo', ouvi muitos ministros que vi … chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar. E eu luto e me ferro", apontou.
O ministro disse ainda que membros do governo estariam sendo pouco incisivos na luta contra "privilégios" da estrutura estatal. "A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado", disse. "A gente veio aqui pra acabar com tudo isso, não pra manter essa estrutura. E esse é o meu sentimento extremamente chateado que eu tô vendo essa oportunidade se perder", afirmou.
Em outro trecho da sua fala, Weintraub disse odiar a expressão "povos indígenas" e o "partido comunista" – neste momento, imagens e sons do vídeo são suspensos por determinação do STF, que impediu a veiculação de menções a outros países, como China e Paraguai. O ministro disse que o "partido comunista" está "querendo transformar a gente [Brasil] numa colônia".
Weintraub é segundo ministro da Educação
Weintraub é ministro da Educação desde abril de 2019. Ele assumiu o posto no lugar de Ricardo Vélez Rodriguez. O ministro é citado como sendo um dos componentes da "ala ideológica" do governo. No seu pronunciamento, ele mesmo se identificou como um "militante" a favor da gestão de Jair Bolsonaro, e disse que a principal demanda da população brasileira nos dias atuais é a "liberdade".
Bolsonaro citou o nome de Weintraub em mais de uma ocasião, mostrando concordância com os posicionamentos do minsitro.
Reunião foi tema de discussões
A reunião ministerial do dia 22 de abril ganhou relevância e passou a ser alvo de disputas judiciais após o ex-ministro Sergio Moro mencioná-la como um evento em que teriam ocorrido manifestações públicas do presidente Bolsonaro em querer interferir na Polícia Federal (PF). A suposta intenção de Bolsonaro em interceder em investigações da PF, especialmente nas que envolvem seus familiares, foi a principal razão do rompimento entre Moro e o presidente.
A reunião foi citada por Moro durante o seu depoimento na Polícia Federal no dia 9. No dia 12, o vídeo foi exibido a um grupo restito de pessoas em Brasília - do qual fizeram parte Moro, seus advogados, integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Polícia Federal.
Desde então, instalou-se um debate sobre a divulgação do material. A defesa de Moro pedia a publicidade integral do conteúdo. Bolsonaro e os outros integrantes do governo alegavam que a reunião continha temas de interesse nacional e outros que não eram relacionados com as acusações do ex-ministro. O sigilo foi derrubado nesta sexta.
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