Do mais assumido esquerdista aos mais “isentões”, o esforço de pintar Bolsonaro como ameaça maior do que o PT à nossa democracia continua a todo vapor. Já comentei sobre isso aqui, mas não canso de ficar surpreso com a cara de pau dessa turma. Não deveria, eu sei, pois eles já mostraram do que são capazes. Mas hoje temos nada menos do que três artigos seguidos na Folha com a mesma “tese”.
O primeiro é do “isentão” Helio Schwartsman, que já foi petista e ainda continua acreditando na importância do partido para nossa democracia, apesar de tudo. Em sua coluna, ele diz que nosso Judiciário tem sido uma ameaça ao Estado de Direito maior do que qualquer risco com Bolsonaro e, de forma mais “modesta”, com Haddad. Eis como ele começa:
Muito se fala do perigo que a eleição de Jair Bolsonaro representaria para a democracia. Numa escala mais modesta, insinuações autoritárias de dirigentes petistas também alimentam especulações. Esses, contudo, são riscos presumidos. Eles dizem respeito ao futuro, isto é, tratam de potencialidades, que, por definição, poderão ou não materializar-se.
Meus grifos mostram a tremenda cara de pau do autor, cujo intuito é retratar o capitão como alguém mais perigoso para a democracia do que o PT, que mira no modelo venezuelano oficialmente, que fala em “tomar o poder” sem eleição, que tentou aparelhar toda a máquina estatal e que não respeita a Justiça. Não é do campo das especulações, mas sim das confissões e das ações passadas!
Schwartsman conclui espetando novamente Bolsonaro, e deixando Haddad de fora: “Como já observei aqui, a manter-se a trajetória autoritária da Justiça e da própria legislação eleitoral, nem precisaremos do Bolsonaro para destruir nossa democracia”.
O outro “isentão”, aquele responsável por “checar fatos” nas redes sociais, Pablo Ortellado, também destila ódio a Bolsonaro em sua coluna, e ainda fala em nome das “democracias liberais”. Um sujeito que defende nas “entrelinhas” o PT falando em democracia liberal é mesmo de lascar. Diz ele:
O presidenciável do PSL deu sucessivas declarações desprezando o sistema de direitos humanos, defendendo a tortura e as execuções extrajudiciais. Ele ou seu candidato a vice já falaram em promover uma Constituinte sem deputados eleitos, em ampliar o número de juízes do STF, em não respeitar o resultado da eleição e especularam sobre um autogolpe.
É muito assustador que quase 1 em cada 3 brasileiros esteja disposto a dar o seu voto para uma candidatura tão extrema em sua falta de compromisso com a democracia e os direitos humanos.
Sobre a fala de Haddad a respeito de uma nova Constituinte, nem uma palavra! Sobre as declarações de apoio do PT ao regime venezuelano, silêncio total. Para Ortellado, estamos na Alemanha de Weimar, e temos que tomar cuidado com a quantidade de gente atravessando a “perigosa linha que separa a democracia liberal do autoritarismo mais brutal”. Não atravessar essa linha, presume-se, seria defender o voto no PT!
Por fim, temos um texto do empresário petista Ricardo Semler, direcionado aos “companheiros de elite”. Semler não quer deixar o pavor instruir as elites. No ápice da cara de pau, ultrapassando os outros dois, ele conclui:
Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. O PT errou sem parar nos 12 anos, mas talvez queria e possa mostrar, num segundo ciclo, que ainda é melhor do que o Centrão megacorrupto ou uma ditadura autoritária. Foi assim que a Europa inteira se tornou civilizada. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis. Não vamos deixar o pavor instruir nossas escolhas. O Brasil é maior do que isto, e as elites podem ficar, também. Confiem.
A Europa se tornou civilizada com partidos como o PT?!?!?!? O que falar disso? Chamar os homens de branco? É muita cara de pau dessa elite esquerdista. O Brasil cansa…
Rodrigo Constantino