A esquerda vive da estética, dos discursos sensacionalistas, das narrativas fáceis. Nunca de resultados. E é por isso mesmo que, quando há um problema real constante ameaçando uma nação, a esquerda dificilmente consegue sobreviver por muito tempo. É o caso de Israel, ameaçado por toda a vizinhança, especialmente pelos terroristas do Hamas bem na fronteira em Gaza.
O resultado disso, depois de várias tentativas de “negociação” com os palestinos radicais, foi a morte política da esquerda. Netanyahu foi reeleito para seu quinto mandato – um recorde histórico – e vai formar novo governo com os demais partidos de direita. Mas eis o cerne da questão: ele derrotou não a esquerda, mas uma coalisão de centro-direita!
Ninguém mais ousa falar em “pacifismo” nas eleições israelenses, em “negociar” com o Hamas, pois a população sabe que todas as concessões foram feitas ao longo das últimas décadas do lado de Israel, e nenhuma foi feita do lado palestino. O povo entendeu que se trata de um embuste, que o Hamas foi “eleito” há mais de década e assumiu o poder por meio do terror, incutindo medo nos palestinos e praticando lavagem cerebral (leiam a biografia do “filho do Hamas”).
Enquanto a esquerda americana torcia contra Netanyahu, metendo-se em eleição alheia, ignorava que a alternativa era também de direita, e que se tivesse vencido, seria igualmente rotulada pelos “progressistas”. Alguns judeus conservadores chegaram a torcer contra Bibi só para expor o NYT e companhia: eles concentram os ataques em Netanyahu, o colega de Trump, por conveniência, fingindo que fariam diferente se fosse outro em seu lugar. Não fariam!
Guga Chacra, como típico “progressista”, embarcou nessa narrativa. Apesar de reconhecer conquistas de Bibi, adota o mesmo discurso da mídia mainstream, focando em Netanyahu como causa dos ataques, e não em Israel em si e sua necessária política de sobrevivência – que, repito, qualquer candidato adotaria. Diz o colunista do GLOBO:
Netanyahu, ao longo dos últimos dez anos, comandou uma transformação da sociedade israelense em um processo iniciado desde o fracasso das negociações de paz com os palestinos, em 2000, e a eclosão da Segunda Intifada, no começo deste século. A esquerda de Israel fracassou mesmo sob o comando de heróis militares como Yitzhak Rabin, assassinado por um extremista de direita, e Ehud Barak. Na visão israelense, os palestinos não estariam interessados na paz. Netanyahu surgiu e provou ser possível ter segurança e prosperidade expandindo a ocupação e os assentamentos da Cisjordânia e o bloqueio à Faixa de Gaza. O país se tornou sinônimo de startups e avanços tecnológicos.
Na visão israelense, os palestinos não estariam interessados na paz? Bota relativismo nisso! Não existem mais fatos objetivos, verdades? Então diga, Guga: na sua visão, o Hamas quer paz? Os terroristas palestinos que comandam Gaza querem diálogo, por acaso? E é por isso que cavam túneis para praticar atentados contra crianças israelenses? Para negociar paz? Guga conclui:
Nos EUA, Trump não será eterno. Talvez se reeleja. Mas dois dos candidatos que mais têm inspirado os democratas, Beto O’Rourke e Pete Buttiggieg, criticam abertamente Netanyahu, chegando a chamá-lo de racista — uma visão comum entre jovens americanos, inclusive os judeus, que votam em massa no Partido Democrata e repudiam o premier israelense.
Guga Chacra finge não saber que a esquerda democrata, cada vez mais radical, tem atacado Israel sem dó nem piedade, e abriga até uma antissemita como Ilhan Omar no partido, incapaz de condena-la pelos ataques aos judeus. Os “progressistas” não repudiam o premier israelense, mas o país como um todo, como disse, e seu próprio direito de existir. E sim, o paradoxo é que há muitos judeus que ainda votam nos democratas. Alienação? Ou talvez síndrome de Oslo…
A esquerda virou nanica em Israel, como o próprio Guga reconhece: “Se as primeiras três décadas do país após a independência foram dominadas pela esquerda, hoje a direita está mais forte do que nunca. Os trabalhistas se tornaram um partido nanico na Knesset (Parlamento de Israel). E mesmo o candidato derrotado, Benny Gantz, está longe de ser esquerdista. Seria centro-direita. Netanyahu deve comandar agora uma coalizão da direita com a extrema direita”.
E isso se deve ao simples fato de que a população cansou de retórica, pois precisa de resultados concretos. Afinal, é ameaçada por mísseis terroristas diariamente. Nesse clima, não há muito espaço para “lacres”, não é mesmo?
Rodrigo Constantino