Deu na coluna de Ancelmo Gois hoje:
O antropólogo Luiz Mott, decano do movimento LGBT brasileiro, lembra que, mesmo havendo 269 candidatos assumidamente gay nestas eleições municipais, apenas 12 foram eleitos:
— Isso revela um lado de alienação da tribo do arco-íris, confirmando que gay ainda não vota em gay.
Seria o caso de lamentar? É mesmo um problema de “alienação” da tribo? Ou esse comentário demonstra apenas uma visão coletivista e tacanha da esquerda?
Por que alguém deveria votar num candidato por ser gay? Seria como um negro votar em Obama por ele ser negro, ignorando todas as demais características, inclusive bem mais relevantes para um gestor. Obama foi, em minha opinião (e de vários americanos), um péssimo presidente. Pusilânime, voltado só para a retórica, intervencionista, com um legado pífio para mostrar, e que acabou estimulando o retorno da tensão racial no país, ao contrário do que prometera. Quem votou nele por causa da cor se deu mal.
O mesmo fazem agora com Hillary Clinton: pedem voto nela por ser mulher. Mas como a atriz Susan Sarandon disse, ao defender o voto em Bernie Sanders nas primárias do Partido Democrata, ninguém deveria “votar com a vagina”. O que importa o sexo? Mais vale o fato de Hillary ser extremamente mentirosa e ambiciosa, além de representar um esquerdismo ainda mais perigoso que o de Obama, com relações promíscuas entre empresários e governos e sua fundação.
Mas a esquerda coletivista é assim: só enxerga coletivos, e jamais o indivíduo, com suas várias características. E ainda o faz de forma seletiva, hipócrita. Afinal, se a mulher for uma Thatcher, eles querem distância. Se for uma Condoleezza Rice, negra ainda por cima, eles querem distância.
Um dos gays eleitos na lista de Mott foi Fernando Holiday. Mas ele não recebeu quase 50 mil votos por ser gay, tampouco por ser negro, e sim por ser um liberal com boas ideias que combateu com determinação o PT e defendeu o impeachment. Por isso já é alvo da esquerda. Quem votou contra o impeachment se deu mal, ouviu a “voz das urnas” rechaçando a bajulação à quadrilha petista. Isso não tem nada a ver com cor da pele, com inclinação sexual.
Mott lamenta que gay não vote mais em gays. Ele não liga para o restante. Gostaria que todo candidato, em vez de defender propostas, dissesse apenas o que faz em sua intimidade, se gosta de homem ou mulher. E aí o voto estaria decidido. É tosco. É absurdo. É a cara da esquerda coletivista…
Rodrigo Constantino