Paula Guedes, filha do economista Paulo Guedes, escreveu um excelente texto publicado no Instituto Millenium. Abaixo, os principais pontos:
Já o Brasil optou pela direção contrária… infelizmente parecemos guiados por princípios que nortearam nossos vizinhos bolivarianos e peronistas. Parecemos realmente acreditar que Deus é brasileiro. Em 2016, nosso país, cujo os impostos e juros estão entre os mais altos do mundo, dá indicações de que pretende aumentá-los ainda mais. Não é preciso ser um gênio para concluir que diante dessas condições o apetite para empreender fique apenas para o gosto fino dos amigos do rei ou loucos (prefiro me enquadrar neste grupo).
Waterboarding é a prática de tortura que simula o afogamento para conseguir que um capturado (geralmente de guerra) entregue segredos. Nos EUA, essa prática foi bastante debatida no contexto de terroristas após os ataques de 11 de setembro. A prática é sofisticada e exige cautela: exagere na simulação e o capturado morre, assim levando os segredos. Não aperte o suficiente e não conseguirá as informações que precisa. No caso do empreendedor no Brasil, parece que o governo tenta fazer o mesmo: movimentam as alavancas pausadamente, piorando as condições de se empreender de forma controlada a fim extrair o máximo de seus bolsos sem matar a presa.
Em uma entrevista recente, Jorge Paulo Lemann (eterno empreendedor e advocate da causa) eleva empreendedores ao status de super-heróis e proclama: “ Os empreendedores é que vão salvar o Brasil”. Eu humildemente tendo a discordar, Jorge Paulo. O Brasil não dá sinais de quem deseja ser salvo. E embora alguns empreendedores se prontifiquem à convocação (eu felizmente contribuo da forma que consigo), suplico ao governo que demonstre uma postura minimamente respeitosa perante estes heróis para merecer tamanha responsabilidade e comprometimento que virá com a operação de resgate.
Afinal de contas há muitos países que hoje avidamente tentam recrutar empreendedores para trabalharem no seu quintal. Os verdadeiros empreendedores, aqueles que acreditam que podem mudar o mundo, acreditam no potencial humano e querem trabalhar onde este é respeitado. O Brasil, por não ser um destes países, corre o grave risco de sofrer um êxodo de empreendedores em rumo à Galt’s Gulch. Ignorar essa possibilidade é um tremendo desrespeito ao empreendedor brasileiro.
Ao continuar removendo os incentivos da classe que produz empregos, o Brasil não terá a menor chance de prosperar…
Como discordar? Sou testemunha de que a própria Paula vem tentando empreender no Brasil, e mais, fomentar um núcleo de empreendedores na área de tecnologia. Chegou a acreditar que o governo do Rio seria um parceiro nessa iniciativa, mas pelo visto não tem sido. Muito menos o governo federal. Tudo que o verdadeiro empreendedor quer é que o governo retire as barreiras ao empreendedorismo. Não pede subsídios, não precisa de ajuda. Só não quer que atrapalhe.
Infelizmente, nosso governo parece existir para prejudicar a vida de quem quer produzir. Tudo isso é alimentado por uma cultura anticapitalista, por uma mentalidade que encara o empreendedor como um explorador, não como um criador de riquezas. Fica complicado. Como conclui Paula: “[…] embora seja bacana acreditar que a crise é a mãe da oportunidade ‘à la virgem Maria’, sabemos bem que não se faz um filho com a mãe, apenas. E, se a crise é a mãe das oportunidades, pode-se dizer que um bom ambiente para se empreender seria o pai… e este, anda ausente”.
Dilma pode se reunir com 92 “conselheiros”, pode reunir mil empresários numa sala! Não serve para absolutamente nada de prático. O caminho desejado nós conhecemos: reduzir a burocracia, os gastos públicos, os impostos, e tornar o ambiente de negócios mais amigável, mais livre. Ou seja, o caminho certo é o liberal. Mas como esperar que esse governo, torturador de empreendedores, faça a coisa certa? Não dá para alimentar esperanças enquanto essa turma da esquerda radical estiver no poder…
Rodrigo Constantino