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Não dá mais para ignorar o fenômeno do partido Chega em Portugal. André Ventura começou o movimento sendo ridicularizado pelo establishment, tratado como um doido pela mídia, mas o Chega conseguiu mais de um milhão de votos neste domingo, tornando-se o terceiro maior partido em número de deputados eleitos e uma força política considerável.
Em uma votação acirrada para formação do novo Parlamento, a vitória coube à centro-direita no país, com a Aliança Democrática (AD), coalizão entre o Partido Social Democrata (PSD) e o Centro Democrático Social (CDS), levando a maioria das cadeiras - 79 ao todo.
Uma multidão de portugueses gritou em alto e bom som: CHEGA! É um basta ao socialismo, ao comunismo.
Em seguida, com menos de 1% e dois deputados de diferença, ficou o Partido socialista (PS), que sofreu um revés depois de quase nove anos no poder após o escândalo de corrupção envolvendo o primeiro-ministro António Costa, no ano passado. Depois do anúncio da investigação, o presidente do país, Marcelo Rebelo de Souza, decidiu antecipar a votação. O PS ficou com 77 cadeiras no novo pleito.
Apesar da vitória, a AD não conseguiu reunir uma maioria para a formação de um novo governo em Portugal. Com isso, o líder da aliança, Luís Montenegro, terá a missão de negociar com os socialistas ou com o Chega, partido de direita que se tornou a terceira maior força política do país, conquistando 48 cadeiras nessas eleições, número expressivo que mostrou um crescimento de quase quatro vezes na quantidade de assentos sob o seu controle no Parlamento.
O Chega está disposto a negociar com o AD, mas pode ser que a centro-direita prefira compor com os socialistas, por conta da pauta anti-imigração. Se isso acontecer, há a vantagem de o Chega se colocar como oposição a um governo tampão, e nas próximas eleições conquistar ainda mais força.
A velha imprensa brasileira, ao comentar as eleições portuguesas, deu destaque ao avanço do que chama de "ultradireita" ou "extrema direita". Na Folha de SP, a chamada foi: "Direita vence socialistas em disputa acirrada em Portugal, e ultradireita mostra força". O Estadão disse: "Centro-direita vence socialistas e extrema-direita cresce". Já O Globo escreveu: "Extrema direita reivindica compor governo em Portugal após centro-direita vencer com maioria apertada".
O Chega foi chamado pelo jornal carioca de "antissistema", como se fosse um pecado capital se colocar contra um sistema podre e carcomido dominado por socialistas corruptos. Não custa lembrar que Ventura disse, recentemente, que tornaria Lula "persona non grata" em Portugal se fosse primeiro-ministro, como fez Israel. Lula virou tema de campanha, e deu certo: os portugueses não querem normalizar o que fez o sistema do Brasil, ao tirar um corrupto socialista da cadeia e recolocá-lo na cena do crime, como diria Alckmin, apenas para ver o governo flertar com terroristas do Hamas contra os judeus.
Tratar o Chega como extremista, radical, ultra-sei-lá-o-quê não vai impedir seu avanço, ainda mais quando todos tentam normalizar a esquerda corrupta e incompetente. O crescimento espantoso do Chega mostra como a pauta de costumes ganha relevância, como reação ao radicalismo da esquerda, e como a questão imigratória não pode ser ignorada. Lutar por um maior controle da imigração não é ser contra imigrantes, e sim ser contra a esculhambação nas fronteiras.
Os fenômenos de Trump nos Estados Unidos e do Brexit no Reino Unido já deveriam ter ensinado essa lição aos jornalistas. Mas eles preferem rotular esses eleitores de forma depreciativa em vez de questionar suas premissas falsas. Escolhem as narrativas ideológicas para fugirem dos fatos incômodos, como o mais óbvio de todos: as ideias esquerdistas simplesmente não funcionam, não são capazes de entregar bons resultados, e em casos mais extremos, como na California, conseguem destruir locais maravilhosos.
Uma multidão de portugueses gritou em alto e bom som: CHEGA! É um basta ao socialismo, ao comunismo. Seu grito, na forma de mais de um milhão de votos em papel, não mais poderá ser ignorado pela imprensa ou pelo establishment político.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos