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STF joga pá de cal na Lava Jato
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Não se trata de alarmismo. A decisão desta quinta do STF, com o voto de desempate do presidente Dias Toffoli proibindo a prisão após segunda instância, coloca em enorme risco a Lava Jato, a operação mais bem-sucedida de combate à corrupção no país.

Toffoli, em seu voto teatral e sensacionalista, condenou os heróis e disse que os homens passam, enquanto as instituições ficam. Ele não entende, ou finge não entender, que heróis são justamente aqueles que fortalecem as instituições, enquanto vilões ameaçam implodi-las. Foi o que vimos ontem.

O resultado foi esperado, mas mesmo assim gerou revolta popular, indignação, tristeza e vergonha. A esperança é a última que morre, como diz o ditado com base na caixa de Pandora. Ou então a esperança é a grande falsária da verdade, como dizia Baltasar Gracián. Muitos depositaram uma fé sem embasamento numa figura como Toffoli.

Seu voto foi patético, político ao extremo. A sensação que ficava durante sua fala, e eu acompanhei na íntegra ao vivo, era a de que tanta desgraça, tanto problema apontado no sistema, tanta impunidade para crimes terríveis que o ministro citava, preparava o terreno para a mensagem essencial: não vamos nos preocupar tanto com Lula e outros corruptos soltos!

Gilmar Mendes é um caso à parte. Não pode ver uma deixa, uma bola levantada, que já corre para pegar a palavra e detonar a Lava Jato e o Ministério Público. Falou até de alcoolismo de procuradores, destilou seu já conhecido ódio ao atual ministro Sergio Moro, quem ele parece detestar mais do que assassinos ou corruptos graúdos, e chegou a levar um merecido pito do ministro Fux ao desviar tanto do assunto em pauta.

Com a decisão final, a bandidagem e seus cúmplices já festejavam nas redes sociais, enquanto todo cidadão sério lamentava profundamente, preocupado com o destino do país. PCC, ADA, CV e diretórios do PT já estavam em festa segundos após a decisão, comemorando a impunidade aos bandidos.

O Brasil perdeu, os bandidos venceram essa batalha importante. Basta dar uma olhada nos tipos que estavam imediatamente celebrando, gente como Wadih Damous, aquele que disse que Gilmar Mendes era um "aliado":

A cara de pau é impressionante. Além dele, Renan Calheiros, "ícone" do combate à corrupção, como todos sabemos, também se manifestou:

Eis o naipe da turma em festa desde ontem, graças aos companheiros do STF. Para soltar os camaradas, porém, alguns militantes petistas disfarçados de ministros do STF alimentaram, e muito, o fenômeno do bolsonarismo. Efeitos não-intencionais para eles, claro, mas inevitáveis.

E se o bolsonarismo sai fortalecido como "Lula Livre", como principal antípoda do bandido na política, o próprio criminoso terá dificuldades de aproveitar sua liberdade. Tenho para mim que Lula poderá até sentir saudades da sala VIP em Curitiba. Ele não terá condições de frequentar qualquer lugar público, por certo, à exceção de bolhas previamente protegidas do povo brasileiro, restando somente sua claque de cúmplices. Não é ameaça; é análise.

Agora resta ao povo brasileiro se organizar, voltar às ruas, mobilizar grupos para pressionar os parlamentares para que aprovem a PEC que muda o texto vago da Constituição, impedindo novos malabarismos em prol da impunidade. O STF foi e voltou a essa questão quatro vezes em uma década, o que gera enorme insegurança jurídica. É preciso utilizar a via legislativa para clarear de vez o texto e evitar novos truques depois de quem tem compromisso com bandidos, não com a lei.

Esse caso vergonhoso do STF foi, naturalmente, assunto debatido no Jornal da Manhã hoje:

Entrevistamos também a procuradora Thaméa Danelon, que já fez parte da Lava Jato:

Tudo muito preocupante, de fato. Como fica claro, não é alarmismo falar em golpe fatal desferido pelo STF contra a Lava Jato. É uma análise realista da coisa. E assustadora para todos aqueles que desejam avançar mais no combate à corrupção, especialmente contra poderosos e multimilionários como Lula.

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