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As expectativas eram grandes. No último debate, afinal, Donald Trump simplesmente rifou Joe Biden da disputa. Foi um massacre tão escancarado que o Partido Democrata jogou Biden na frente do trem político e apontou, sem qualquer voto popular, sua vice Kamala Harris como a candidata do partido. Kamala, sendo uma espécie de Dilma americana, poderia ser destruída no debate desta terça. Não foi.
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Trump parecia mais cansado, com menos energia. Mostrou também que confunde comício com debate, e talvez por arrogância não se preparou devidamente para o embate com sua adversária. Deveria saber, ainda, que na ABC encontraria militantes democratas disfarçados de moderadores. Lutou contra três. Não chegou a perder, não cometeu qualquer deslize mortal, mas perdeu oportunidades de encerrar ali a corrida eleitoral.
Para quem não é boboca, ficou claro que Kamala só tem caras e bocas e slogans prontos, frases de efeito, marketing vazio. Ou seja, é uma farsa, pura encenação, teatro sensacionalista que carece de conteúdo genuíno
Kamala, por sua vez, treinou por semanas para o debate, e deve ter sido alimentada antes com as perguntas, pois os dois âncoras não conseguiram esconder seu lado. Em várias ocasiões saíram em defesa de Kamala, quando ela parecia atordoada, e jogaram perguntas bem mais duras na cara do republicano. Foi impossível não notar o viés. Mas o que importa, para o público em geral, é que Kamala sobreviveu sem golpes fatais.
A candidata democrata tem se escondido de entrevistas não é por acaso: ela sempre demonstrou alguma dificuldade em se expressar com lógica, mantendo uma linha de argumentação coerente. Quando fica nervosa, costuma dar aquela risada histérica e assustadora. Suas ideias são radicais e ela as tenta ocultar na campanha, mudando de posição em temas cruciais. A cobrança não foi adequada por parte dos entrevistadores, e Trump poderia ter explorado melhor essas fraquezas.
Vale dizer que nos comentários finais Trump frisou o mais importante: se Kamala promete tanta coisa, por que não fez nada nesses últimos três anos e meio? A campanha de Kamala tem um dilema: ela é a vice de um governo medíocre, ela precisa esconder Biden, dissociar-se de sua gestão - que é também a dela. Não vamos esquecer que Kamala era chamada de "czar das fronteiras" pela mídia.
Não foi convincente sua explicação de que muda de postura, mas não de valores. Trump conseguiu colar em sua adversária a imagem de extremista em várias pautas sensíveis, mas poderia ter feito um trabalho melhor, matador. Na questão do aborto, por exemplo, deixou Kamala sinalizar emoção em vez de sair em defesa da vida humana.
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Para quem não é boboca, ficou claro que Kamala só tem caras e bocas e slogans prontos, frases de efeito, marketing vazio. Ou seja, é uma farsa, pura encenação, teatro sensacionalista que carece de conteúdo genuíno. Mas jamais devemos subestimar a estupidez de parte dos eleitores, e precisamos lembrar do mito do eleitor racional. Com a ajuda dos entrevistadores, Kamala sobreviveu, e isso foi comemorado pelos democratas, que cantaram vitória.
Não acredito que o debate desta terça vá mudar muito o quadro. Trump segue favorito, com margem estreita. O tema da imigração tem pesado contra Kamala, assim como a economia patinando e com alta de preços. Trump tem apenas que reforçar a memória dos eleitores, de que estavam melhores durante seu governo. Numa disputa limpa isso poderia ser decisivo para sua vitória. Mas sabemos que os democratas jogam sujo...
E por isso Trump tem que ter larga vantagem nos estados indefinidos, para vencer no colégio eleitoral (no voto majoritário provavelmente ele perde, graças a estados populosos e progressistas como Nova York e California). Se Trump estivesse mais afiado esta noite, mais preparado, ele poderia ter detonado Kamala como a farsa que ela é, uma esquerdista radical.
Trump até tentou e em alguns momentos conseguiu bons golpes, associando Kamala ao marxismo, por exemplo. Mas não resta dúvidas de que ele poderia ter se saído muito melhor, e ela, muito pior. Daí a sensação de vitória por parte dos democratas. Temiam um novo massacre, e ele não veio. A disputa segue acirrada. Preparem os corações...
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos