O diretor global da empresa Enel, Flavio Cattaneo, afirmou que deseja renovar a concessão do serviço de distribuição de energia com a prefeitura de São Paulo. A declaração foi concedida durante um evento de apresentação dos investimentos previstos pela empresa no período de 2025 a 2027, nesta segunda-feira (18).
“Quando a Enel conseguiu a concessão em São Paulo houve uma disputa acirrada com outra empresa. A concessão expira nos próximos quatro anos, e queremos que ela seja renovada”, disse ele, a despeito das críticas que a prestação de serviços vem enfrentando das autoridades e da opinião pública.
Após a Enel deixar moradores e empresas em São Paulo por mais de cinco dias sem energia em decorrência dos temporais que atingiram a capital paulista em outubro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) defendeu a suspensão do contrato de concessão. No ano passado, após problemas no fornecimento de energia pela empresa em novembro, Nunes já havia solicitado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que é gerida pelo governo federal, o cancelamento do contrato de concessão.
O governo de São Paulo, por meio da Procuradoria Geral do Estado, da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP), entrou no início do mês com uma ação civil pública contra a Enel por conta dos dois apagões que ocorreram.
A ação ocorreu após a Advocacia Geral da União também entrar na Justiça, alegando um prejuízo de R$ 1 bilhão em decorrência dos dois apagões. O governo de São Paulo, por sua vez, alega prejuízos de R$ 2 bilhões, com base em estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Em nota, a prefeitura de São Paulo afirmou à Gazeta do Povo que, desde novembro de 2023, enviou ofícios ao Tribunal de Contas da União e à Aneel exigindo maior fiscalização do contrato de concessão da empresa Enel e aplicação de multa, acionando também o Procon e a Justiça. “A administração municipal entrou ainda com duas ações judiciais contra a Enel. Além disso, o prefeito esteve com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, uma proposta de alteração na lei de concessões para que os municípios tenham mais autonomia para escolha e na fiscalização das concessionárias de energia elétrica”, disse o órgão.
“Governo federal deve cancelar o contrato o mais rápido possível”, diz vereador que presidiu CPI da Enel
O vereador João Jorge (MDB), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel aberta na Câmara Municipal de São Paulo, afirmou à Gazeta do Povo que o prefeito de São Paulo e a Câmara, por meio da CPI, solicitaram o encerramento do contrato da empresa à Aneel. “O governo federal deve cancelar o contrato o mais rápido possível. Imagine São Paulo ter que passar por essa desgraça por mais 30 anos de Enel aqui?”, questionou ele.
João Jorge afirmou ainda que a Enel deve explicar por que "não atende as 6 mil requisições da prefeitura para desligar a energia em pontos da cidade para poder realizar a poda de árvore, evitando assim quedas quando houver uma tempestade”. Em relação à CPI, o vereador afirmou que a comissão apurou que “realmente houve um desmantelamento, principalmente da manutenção preventiva que a Enel fazia, e que a empresa havia demitido muitos funcionários, por isso o atendimento foi tão ruim em novembro do ano passado”.
João Jorge afirmou que a empresa assumiu o compromisso de contratar 1,2 mil novos funcionários e investir R$ 5,1 bilhões em manutenção preventiva e modernização do sistema na cidade de São Paulo, além da abertura de mais canais para atendimento da população. “Os clientes reclamam que não têm como falar com a Enel a não ser pelo site. Ficaram de abrir mais escritórios, não estão cumprindo, mas, mesmo assim, a CPI recomendou ao governo federal e à Aneel que reincidisse o contrato com a Enel”, concluiu o vereador.
Procurada, a Enel não respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação da empresa.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião