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Como Tarcísio pretende fazer do túnel Santos-Guarujá o principal leilão de 2025

Tarcísio de Freitas Túnel Santos-Guarujá
Tarcísio de Freitas visitou obras de túnel imerso na Dinamarca (Foto: Vinicius Rosa/Governo do Estado de SP)

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Rodovias, ferrovias, portos, esgotamento sanitário, iluminação pública, estádio, complexo prisional. A carteira de leilões da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, para 2025 é extensa e variada, mas um projeto inédito no país chama a atenção: o túnel imerso Santos-Guarujá. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem trabalhado para tornar esse leilão o mais midiático e, consequentemente, o principal do ano no Brasil.

O projeto para construção e concessão do túnel imerso é uma parceria público-privada (PPP) com investimento previsto de R$ 5,96 bilhões, sendo R$ 4,96 de recursos públicos, divididos igualmente entre o governo de São Paulo e o governo federal — o restante será bancado pela iniciativa privada.

Apesar dessa divisão, o governo paulista assumiu o protagonismo no projeto e foi responsável pelo lançamento do edital, no final de fevereiro, quando Tarcísio precisou ficar lado a lado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde então, o governador de São Paulo tem feito o possível para afastar a gestão petista do empreendimento que será leiloado em 1º de agosto.

Em abril, Tarcísio ficou cinco dias na Europa em um roadshow para apresentar o túnel imerso a possíveis interessados na construção da obra que ligará as cidades da Baixada Santista pelo canal marítimo. Na turnê, ele se encontrou com empresários na Holanda, na Noruega e na Dinamarca. No último país, ele visitou o canteiro de obras do Fehmarnbelt, que será o maior túnel imerso do mundo — serão 17,6 quilômetros entre a cidade dinamarquesa de Rødby e Fehmarn, na Alemanha. A previsão é de que a obra fique pronta até 2029.

“A gente está aqui para pegar as melhores práticas e levar para o túnel Santos-Guarujá, um sonho, um desejo de mais de 100 anos que começa a tomar forma”, declarou Tarcísio, em um vídeo com o canteiro de obras do Fehmarnbelt ao fundo.

Ele ainda ressaltou que a obra ficaria como um legado da gestão à frente do estado de São Paulo. A estrutura inédita no Brasil, com cerca de 1,5 quilômetro, sendo 870 metros imersos, deve ficar pronta em 2028, durante um eventual segundo mandato do governador no Palácio dos Bandeirantes — ele tem resistido à ideia de concorrer a presidente em 2026.

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O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, também participou do roadshow pela Europa, como representante do governo Lula, mas foi Tarcísio de Freitas que assumiu a liderança do grupo durante as reuniões com empresários e investidores do setor de infraestrutura. O governador paulista usou as redes sociais como uma espécie de diário com todos os passos na Europa, onde o ministro até apareceu, mas como coadjuvante e sem uma palavra sequer.

Na agenda internacional, Tarcísio foi acompanhado pelos secretários estaduais Rafael Benini (Parcerias em Investimentos) e Lais Vita (Comunicação). O projeto “Invest in São Paulo. We are that and much more” — “Invista em São Paulo. Somos isso e muito mais”, na tradução — foi apresentado para empresas europeias, entre elas, TEC Tunnel, Immonte, DFDS, Maersk e Femern.

“Foi uma semana muito produtiva na Europa e tivemos a oportunidade de discutir mobilidade. Com o túnel imerso Santos-Guarujá, tivemos algumas empresas interessadas, o que indica que teremos um leilão competitivo e bem-sucedido”, comemorou o governador ao final do roadshow.

Em março, aproveitando uma premiação pela privatização da Sabesp em Londres, na Inglaterra, Tarcísio já havia se reunido com empresas especializadas em infraestrutura para apresentar o túnel Santos-Guarujá. Na ocasião, em uma agenda apertada, visitou a Aecom, WSP, Balfour Beatty e ERG International Group.

Algumas construtoras estrangeiras já teriam demonstrado interesse, como o grupo espanhol Acciona, a chinesa China Communications Construction Company (CCCC), a portuguesa Mota-Engil e o italiano Webuild. Entre os brasileiros, a Novonor, antiga Odebrecht, também estaria disposta a participar.

A empresa vencedora ficará responsável pela construção, operação e manutenção do túnel Santos-Guarujá, incluindo a cobrança de pedágio. Pelo edital, vencerá quem oferecer maior desconto sobre as contraprestações públicas anuais previstas no projeto, que são de R$ 304 milhões. Caso alguma concorrente ofereça 100% de desconto, ela poderá adicionar um desconto extra sobre o aporte máximo previsto no contrato, fixado em R$ 4,96 bilhões.

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