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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que uma das linhas de investigações sobre a onda de ataques a ônibus está relacionada a desafios promovidos pela internet. Desde o dia 12 de junho, 21 veículos foram depredados na cidade e mais de 600 incidentes foram registrados no estado, incluindo capital, Grande São Paulo e Baixada Santista.
“A investigação está caminhando mais para a linha de desafio de internet [...] Está demorando, reconheço. Faço uma crítica à Polícia Civil. Está demorando, mas a certeza é que vai se chegar a uma conclusão de identificar quem são essas pessoas”, disse Nunes em entrevista à GloboNews na manhã desta segunda-feira (14).
A polícia também investiga se a onda de ataques a ônibus em São Paulo tem ligação com o crime organizado, orquestrado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A prefeitura confirmou que 47 ataques foram registrados neste domingo (13), sendo o segundo dia mais violento desde o início das depredações.
Nunes rebate tese de dispersão dos usuários da cracolândia
Questionamento sobre o esvaziamento da cracolândia, o prefeito Ricardo Nunes discordou do termo "dispersão" para descrever a operação realizada em parceria com o governo do estado, em maio. Ele ressaltou que o fim da cena de uso de drogas na rua dos Protestantes, no centro da capital, é resultado do trabalho de acolhimento e combate ao tráfico.
“Falar que foi dispersão é desconsiderar e não reconhecer o trabalho da prefeitura e do governo do estado durante pelo menos três anos. A gente vem ampliando os serviços de atendimento para essas pessoas [...] Mais de 2,5 mil pessoas estão internadas em tratamento”, respondeu. “Além disso, 527 traficantes foram presos só pela polícia municipal [Guarda Civil Metropolitana] em dois anos”, acrescentou.
Nunes alega que o PCC foi “expulso da região da cracolândia” e que a “feira” para a compra de drogas foi extinta no centro de São Paulo. No entanto, ele reconhece que o trabalho é contínuo e não é possível garantir que o uso aberto do crack e de outros entorpecentes na maior capital do país chegou ao fim. “Não dá para dizer que já acabou. A gente continua fazendo um trabalho contínuo para não deixar a cracolândia voltar.”
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Prefeito de São Paulo se coloca à disposição de Tarcísio para disputar eleições 2026
Durante a entrevista à GloboNews, Nunes foi questionado sobre os planos políticos para 2026 e disse que a ideia é concluir o mandato como prefeito. Porém, acrescentou que não poderia recusar um eventual pedido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para disputar o governo de São Paulo, se Tarcísio for o escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para representar a direita como principal opositor à reeleição de Lula.
O prefeito paulistano também comentou a postura do governador de São Paulo em relação às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendeu que, como governante, é preciso defender os interesses locais. Aliado de Nunes, Tarcísio foi criticado por parte da opinião pública pela postura adotada após o anúncio do tarifaço - e teve a imagem atrelada ao republicano amplamente enfatizada pela esquerda.
“Não tem como misturar a questão das tarifas [com política]. Existe toda uma conjuntura que as instituições brasileiras devem negociar com as instituições americanas”, opinou Nunes.
Sobre a inelegibilidade de Bolsonaro, Nunes defendeu que o ex-presidente participe das eleições de 2026, garantindo que a decisão sobre o futuro político do aliado seja definido nas urnas. “Não é porque o PL está na minha na minha base, é o que eu sinto como um democrata. Ele deveria disputar as eleições e a população definir. Me parece que tirar alguém do cenário eleitoral em que a população vai ter o seu exercício pleno do da democracia não é o melhor caminho”, respondeu.







