Um dos principais assuntos da semana no meio político foi a dobradinha entre o presidente Lula (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no anúncio da construção do túnel Santos-Guarujá com o alinhamento do projeto e da divisão de investimentos na obra, que será feita em conjunto entre os governos federal e estadual.
Mas o governador paulista rebateu parte do discurso do presidente no evento em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos (SP), principalmente pelas críticas de Lula ao processo de privatização da administração portuária, descartada pelo governo petista.
O projeto de privatização do Porto de Santos foi estudado durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), a qual Tarcísio fez parte como ministro da Infraestrutura. Mas no final de 2023, o porto foi retirado oficialmente do Plano Nacional de Desestatização com o Ministério de Portos e Aeroportos assumindo a autoridade portuária, apesar do alto investimento privado na infraestrutura e necessidade de concessões para operação de empresas especializadas.
Durante o discurso, Lula afirmou que "se estabeleceu a narrativa por setores da elite econômica para destruir a imagem do Estado e do poder público” de que a gestão empresarial é mais eficiente do que a administração pública.
“A ideia de que o Estado não vale nada. A ideia de que o governador não tem que ter ideia. A ideia de que seremos bonecos nas mãos deles que apresentam para nós aquilo que acham que devem ser feito. Mas somos nós que fomos eleitos pelo povo e fomos xingados. A gente ganhou e tem o direito de governar esse país do que jeito que a gente entende”, criticou.
De acordo com o presidente, o governo federal pode mostrar que é possível que o setor se desenvolva ainda mais com a manutenção da administração estatal do Porto de Santos. “Nós queremos provar que a autoridade portuária vai fazer tanto ou mais do que qualquer empresário poderia fazer”, afirmou Lula.
Questionado sobre o alinhamento com o presidente, Tarcísio respondeu que mantém suas convicções liberais e que a parceria com o governo federal para investimento na infraestrutura não significa “alinhamento político” ou “pensamento igual” ao do presidente petista. “Eu continuo sendo liberal e tendo as minhas crenças para atingir os resultados, assim como eles têm as crenças deles. São visões divergentes mas no fim queremos atingir um objetivo em comum”, respondeu durante a entrevista coletiva.
O governador lembrou das falas de Lula sobre a privatização no evento e pontuou que a busca do capital privado traz investimentos fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país. “Isso é bom para o cidadão que está na ponta e gera mais empregos. A visão dele é diferente. Tudo bem, a gente tem que respeitar. Naquilo que for possível, vamos ter convergência para beneficiar o cidadão”, esclareceu Tarcísio.
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