Apesar da criação de uma força-tarefa pela Secretaria da Segurança Pública com a participação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e as polícias do estado para investigação do assassinato do delator Vinicius Gritzbach, executado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o MP-SP, acompanha o caso de maneira autônoma.
Segundo apuração da Gazeta do Povo, o Ministério Público, embora não tenha confirmado oficialmente, teria iniciado a investigação em conjunto com a Polícia Federal, o que resultou na Operação Tacitus, na última terça-feira (17), com prisão de agentes das forças de segurança por suspeita de corrupção. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) identificou indícios de envolvimento de policiais civis e militares com a facção criminosa.
A investigação paralela é conduzida diretamente pelos promotores do Gaeco, que mantêm o caso sob sigilo para evitar vazamentos. Já a força-tarefa da Segurança Pública de São Paulo está sob coordenação do secretário executivo da pasta, delegado Osvaldo Nico, homem de confiança do secretário estadual Guilherme Derrite.
A Polícia Federal entrou na investigação sob a justificativa que o assassinato de Grtizbach acontenceu, em novembro, no aeroporto de jurisdição federal, o que motivou a investigação própria da instituição. Membros da Polícia Civil questionaram a entrada da PF no caso, mas a decisão foi mantida por ordem superior.
Delegado e policiais são presos por suspeita de elo com o PCC
Cinco policiais civis foram presos na terça-feira, em São Paulo, sob suspeita de ligação com o PCC, entre eles, um delegado e um investigador do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. A operação Tacitus foi conduzida pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público paulista.
A investigação teve como ponto de partida a delação de Gritzbach, empresário que atuava na lavagem de dinheiro e foi morto pela facção criminosa. Em 2023, o delegado foi acusado de extorquir Gritzbach para livrá-lo da investigação pela morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, membro do PCC conhecido como “Cara Preta”.
Além das declarações de Gritzbach, as investigações se basearam em movimentações financeiras suspeitas e depoimentos cruzados. As apurações apontam que o grupo de policiais fornecia apoio ao PCC em troca de propinas milionárias. Entre os serviços prestados estavam manipulação de informações, vazamento de investigações, proteção a criminosos, corrupção e lavagem de dinheiro.
O aumento das operações contra o PCC em São Paulo tem intensificado o desgaste entre a Polícia Civil e o Ministério Público paulista, como na operação “Fim da Linha”, que investiga o envolvimento do PCC no transporte coletivo da capital.
Promotores ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que evitam avisar outras instituições para reduzir vazamentos e preservar o andamento das apurações. Já os policiais alegam que excluem os integrantes do Ministério Público das coletivas de imprensa das ações sem participação direta do órgão.
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