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Tarcísio de Freitas (Republicanos) sofre pressão do PL para compor secretarias.
Tarcísio de Freitas (Republicanos) sofre pressão do PL para compor secretarias.| Foto: Fernando Nascimento/Governo de São Paulo

Deputados do Partido Liberal (PL) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) têm cobrado maior espaço na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Detentor da maior bancada no Legislativo estadual - com 19 deputados na base do governo - o PL possui apenas uma secretaria no Executivo, número menor do que outras siglas que apoiam Tarcísio, mas que detêm menos representatividade parlamentar. O governo paulista possui 24 secretarias e mais uma pasta ligada ao gabinete do governador.

A única pasta chefiada por um parlamentar do PL é a Segurança Pública, com Guilherme Derrite, eleito deputado federal. Porém, a bancada do PL alega que não indicou nenhum secretário para a gestão estadual, tendo em vista que Derrite já era próximo de Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, e foi uma escolha do próprio governador.

Além de reunir a maior bancada, o PL tem representatividade na presidência da Alesp, com André do Prado, aliado do governador Tarcísio.

Por sua vez, o PSD de Gilberto Kassab, que é secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo, possui três secretarias - e cinco deputados na Alesp, uma das menores bancadas na Casa. O Republicanos, partido do governador, detém oito cadeiras no Legislativo e comenda quatro secretarias de estado.

Com o fim da janela partidária no próximo dia 5 de abril, o PL terá a secretaria de Políticas para as Mulheres com a deputada Valéria Bolsonaro (PL) à frente da pasta, substituindo Sonaira Fernandes, que era do Republicanos e no último dia 25 se filiou ao PL. Sonaira será exonerada do cargo para tentar a reeleição para vereadora em São Paulo.

Segundo apuração da Gazeta do Povo, a reclamação dos integrantes do PL é que o atual líder do partido, Carlos Cezar, não cobra mais espaço da sigla na gestão estadual. Há uma chance de o líder do PL substituir o líder do governo, Jorge Wilson (Republicanos), que pode deixar o cargo para se dedicar à campanha para a prefeitura de Guarulhos. Com isso, os deputados mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro veem uma possibilidade de um novo líder do PL.

Deputados do PL reclamam de "desprestígio" no governo Tarcísio

O deputado estadual Tenente Coimbra (PL) defende que, pelo tamanho do PL na Alesp, a sigla deveria conquistar mais secretarias no governo estadual. “Sem sombra de dúvidas [ocupa um espaço pequeno] pela importância do PL, pela qualificação dos deputados que lá estão. A participação do PL, principalmente a nível estadual, é pífia. O Derrite, embora muito qualificado, é da cota pessoal do governador, não uma composição que foi feita via Alesp”, respondeu à Gazeta do Povo.

“A gente se sente de certa forma um pouco até desprestigiado por conta disso”, completou o parlamentar. Sobre a possibilidade de o líder do governo na Alesp, Jorge Wilson, deixar o cargo e no lugar dele assumir o líder do PL, Carlos Cezar, Coimbra confirma a possibilidade. “Ele [Jorge Wilson] tem uma pré-campanha para fazer. De fato, fica conflitante, porque ele tem que estar nas bases rodando. E obviamente o Legislativo não para. Acaba ficando inviável estabelecer as duas funções e, por isso, acredito que o governo possa trocá-lo”.

O deputado estadual Lucas Bove (PL) elogiou o trabalho de Carlos Cezar à frente da maior bancada do parlamento paulista. “Acho que a liderança do Carlos Cezar foi muito positiva. A bancada permaneceu unida. Uma bancada de 19 deputados é um grupo muito heterogêneo, não é fácil. Se eu tivesse que apontar alguma coisa que não ficou a contento foi a relação entre a bancada e o Executivo. Mas algo que é natural no primeiro ano de novo governo”, afirmou o deputado à Gazeta do Povo.

Bove concorda que o PL poderia ter mais espaço na gestão estadual, mas enfatiza a importância de um secretariado técnico. “Acho que daria [para ter mais participação do PL]. Mas entendo que o governador, assim como o presidente Bolsonaro no início de mandato, montou um time técnico. Então, ainda que o time do Tarcísio tenha bastante gente do PSD, por exemplo, o [Renato] Feder [Educação] e o Eleuses [Saúde] são quadros técnicos. Da mesma forma, o Derrite é um quadro técnico. A própria Valéria tem o total apoio da nossa bancada. Ficamos muito satisfeitos com a indicação dela, mas não foi um pedido da bancada”.

O parlamentar afirma que, em caso de saída de Carlos Cezar, a expectativa é que o novo líder da bancada seja bolsonarista. “Nessa história da troca da liderança, não tenho nenhuma informação oficial. Se houver uma troca de liderança, entendo que o Carlos Cezar sairia para um cargo mais alto. Nesse sentido, a gente trocaria a liderança do PL. Por mais que o Carlos Cezar seja uma pessoa de direita, que defende os mesmos princípios que nós, ligado à igreja, ele não é do grupo bolsonarista”.

Bove admite que haverá mudanças no secretariado de Tarcísio. “Vai ter algumas mexidas naturais nos postos do Tarcísio no secretariado, vamos dizer, uma minirreforma, porque alguns sairão candidatos. O Tarcísio tem que fazer escolha técnica. Prefiro que o Tarcísio escolha um secretário técnico que não seja do PL do que um secretário político do PL”, opina ele.

Irmão da deputada federal Carla Zambelli (PL), o deputado estadual Bruno Zambelli (PL)também conversou com a Gazeta do Povo e pontuou que o governador pensa de forma técnica. “Poderia [o PL ter um espaço maior], mas o governador não é político. Ele pensa de forma técnica. Eu não concordo com várias colocações dele, mas são pessoas técnicas. Isso mostra que ele não tem confiança nos deputados. Servimos para votar no que ele quer, mas não serve para estar junto no governo”, atacou.

Zambelli defende que o líder do PL seja o próximo líder do governo na Alesp. “O Carlos Cezar seria o sucessor da liderança do governo, teria que ser ele, porque o 'xerife' vai sair candidato a prefeito em Guarulhos”.

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