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Com alto índice de aprovação e apoio dos partidos de direita e centro, o cenário eleitoral para o governo de São Paulo poderia até caminhar sem obstáculos rumo à reeleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas a incógnita sobre o futuro do governador paulista permanece na reta final do ano que antecede as eleições de 2026. O lançamento da pré-candidatura à Presidência da República do senador Flávio Bolsonaro (PL), na última sexta-feira (5), poderia até indicar que Tarcísio estava fora da corrida presidencial e que seguiria o rumo político mais pragmático: concorrer ao segundo mandato no maior estado do país.
No entanto, ao sinalizar que pode recuar da pré-candidatura, dependendo da negociação partidária, o filho 01 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revela que todas as cartas ainda estão na mesa da centro-direita e que a aventura presidencial de Tarcísio de Freitas – considerado um dos nomes mais fortes para fazer frente a Lula nas urnas em 2026 – ainda não foi descartada.
O assunto estará na pauta da reunião de caciques da centro-direita com Flávio Bolsonaro na noite desta segunda-feira (8), informada pelo senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e entusiasta da pré-candidatura presidencial de Tarcisio.
Assim, o suspense sobre o futuro político do governador paulista permanece e tem forte impacto na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. A decisão tem consequências diretas nas articulações eleitorais tanto na coligação pela continuidade do grupo político de Tarcísio de Freitas quanto na construção de uma chapa de oposição entre as siglas da esquerda.
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Partido contrata agência de publicidade que projeta Tarcísio nacionalmente
Apesar da indefinição, o governador de São Paulo mantém a estratégia de dialogar com o eleitor sob uma perspectiva nacional. Desde outubro, segundo apuração da Gazeta do Povo, o partido Republicanos firmou contrato com a agência de publicidade PLTK, de Pablo Nobel, marqueteiro responsável pela campanha vitoriosa ao governo em 2022.
A agência é responsável pela mudança de tom nas redes sociais de Tarcísio, com pautas nacionais e posicionamentos mais firmes, como a defesa do Marco Legal de Combate às Facções Criminosas e críticas diretas ao governo Lula (PT).
Diego Torres, ex-assessor especial do governo Tarcísio, também foi recentemente desonerado do cargo para trabalhar junto à agência e à pré-campanha do governador. Diego é irmão da ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, e é um dos nomes de confiança de Tarcísio.
Apesar da notória estratégia de posicionar Tarcísio nacionalmente, pessoas próximas não reconhecem que ele está em campanha nacional, mas sim à reeleição do governo do estado de São Paulo, e afirmam que a contratação da agência se deve à necessária reformulação da comunicação.
Kassab não quer Tarcísio na disputa pela presidência em 2026
Nos bastidores, o secretário de Governo da gestão paulista e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, não apoia a pré-candidatura presidencial de Tarcísio nas eleições de 2026. A estratégia é consolidar o governador de São Paulo como um nome independente de Jair Bolsonaro.
Segundo um aliado do governador, Tarcísio tem luz própria e uma candidatura presidencial em 2030 ainda teria a vantagem de ser construída em um cenário afastado do quadro da polarização entre Lula e Bolsonaro. O próprio governador teria a preferência pela continuidade dos projetos políticos que iniciou no estado de São Paulo, principalmente na área de infraestrutura.
Em entrevista à TV Record, o filho do ex-presidente não entrou em confronto com Tarcísio. Ao contrário, Flávio ressaltou a importância do governador no maior colégio eleitoral do país e chamou o aliado de “camisa 10 desse time que nós temos”.
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Indecisão da direita atrapalha articulações na esquerda em São Paulo
A possibilidade de Tarcísio de Freitas sair como candidato ao Planalto também adia os planos do PT e deixa a articulação da esquerda suspensa no estado de São Paulo. O partido do presidente Lula demonstra que terá dificuldade para encabeçar uma chapa ao governo paulista, a não ser que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), seja candidato novamente, apesar da resistência dele ao projeto eleitoral. Em 2022, Haddad foi derrotado por Tarcísio no segundo turno.
Na avaliação de Consentino, o caminho petista deve ser o apoio a um candidato de centro-esquerda do PSB, como tentativa de diminuir a rejeição ao partido, principalmente no interior do estado. “O problema maior é o interior do estado, que tem uma dose forte de conservadorismo. A capital é um caso diferente, onde o PT já teve sucesso, com [Luíza] Erundina, Marta [Suplicy] e Haddad. No entanto, nunca houve um governador de esquerda”, compara o cientista político.
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França, já lançou a pré-candidatura pelo PSB, que também tem o vice-presidente Geraldo Alckmin entre os citados pelas pesquisas de opinião.
“De modo geral, vivemos uma situação semelhante ao quadro presidencial: um candidato forte da situação e uma oposição que ainda parece desorientada. Tudo depende de o Tarcísio sair para presidente ou não, e qual perfil político ele irá apresentar”, analisa Consentino.








