A queda de mais de 2,4 mil árvores durante a tempestade que atingiu a cidade de São Paulo, no último dia 3, trouxe a tona a dificuldade de manuseio arbóreo e aumentou a demanda de pedidos por poda na capital. A condição contribuiu para a dimensão do apagão, que durou quase uma semana em São Paulo com inúmeros transtornos aos consumidores.
Segundo o presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, 95% das ocorrências de interrupção no fornecimento de energia naquela tarde de temporal foram provocadas por quedas de árvores.
Em entrevista coletiva, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontou as árvores derrubadas pela ventania como as “grandes vilãs” no apagão do estado. O governador prometeu enviar à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um projeto de lei que permita a realização do manuseio arbóreo.
“O grande vilão desse episódio foi a quantidade de árvores que, por falta de manejo adequado, acabaram caindo sobre a rede elétrica. Muitas vezes, as prefeituras que querem fazer esse manuseio enfrentam dificuldades. É uma questão que a gente vai estruturar. Vamos pegar casos de alguns estados que aprovaram legislação sobre o tema e elaborar um plano de manejo arbóreo. É uma solução barata, efetiva e que a gente pode fazer imediatamente”, afirmou o governador.
O presidente da Enel também se queixou que existem muitas árvores que foram plantadas na cidade, mas não são nativas e, portanto, não deveriam estar nas calçadas. Por outro lado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) reclama da demora da Enel para desligar a energia para que a equipe de remoção conseguisse tirar as árvores.
“Ainda temos 27 árvores para serem removidas e que ainda não foram porque a estamos aguardando a Enel. É preciso que a Enel vá até o local para desligar a energia”, postou o prefeito nas redes sociais.
A poda das árvores na capital é de responsabilidade da Secretaria das Subprefeituras que atende 32 subprefeituras. Segundo o Sistema de Gerenciamento de Zeladoria da Prefeitura de São Paulo, até agosto deste ano foram podadas 110.805 árvores em São Paulo o que representa uma média de 461 podas ou remoções por dia.
De acordo com dados do Portal da Transparência da Prefeitura de São Paulo, nos meses de julho, agosto e setembro foram abertos 15.752 pedidos de poda ou remoção de árvores. Desse número, 5.577 pedidos ainda não foram avaliados.
Professor de engenharia elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Marcos Amaral defende um trabalho minucioso de poda de árvores para amenizar o problema em casos futuros similares. “Uma solução é o trabalho de poda de árvores, especialmente as mais antigas que podem cair. Essa é uma forma de minimizar o problema, favorecer a própria árvore e evitar quedas na linha”, explica.
Na mesma linha, a professora de Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) Michele Rodrigues pontua que a situação arbórea da cidade requer ação frequente. “Ao manter as árvores próximas às linhas de energia adequadamente podadas, reduzimos o risco de quedas durante ventos intensos. A presença de infecções em muitas árvores torna ainda mais propensa a ocorrência de quedas. A estrutura das árvores é algo que deve ser levado em consideração e observado constantemente.”
Em São Paulo, Nunes suspende licitação de poda de árvores a pedido do Tribunal de Contas
O Tribunal de Contas do Município (TCM) recomendou a Prefeitura de São Paulo que suspendesse uma licitação superior a R$ 1 bilhão para a contratação de uma empresa que realizaria serviços de poda e remoção de árvores em 2024.
O TCM indiciou nove irregularidades no processo de contratação desde como será feito a comunicação entre o cidadão e a prefeitura para solicitar a poda, até o maquinário que será utilizado pela empresa. A Secretaria de Subprefeituras terá um prazo de cinco dias úteis, a contar a partir da sexta-feira (10) para justificar as irregularidades apontadas pelo tribunal.
Segundo o edital publicado no Diário Oficial do Município (DOU), a gestão Ricardo Nunes prevê a contratação de 122 equipes para poda de árvores e manuseio arbóreo e cada uma poderá receber até R$ 310 mil mensais a depender da quantidade de serviço.
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