Em uma canetada inédita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (21), mais da metade dos coronéis da Polícia de Militar (PM) do estado foram movimentados.
As trocas atingiram postos do alto comando da corporação, incluindo o subcomando, o Centro de Inteligência e o Comando de Policiamento de Choque. Foram movimentados 34 coronéis, de um total de 63.
Apesar de virem sendo discutidas desde o ano passado, as mudanças ocorrem após uma nova crise da segurança pública paulista no enfrentamento ao crime organizado na Baixada Santista. O secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, vinha acumulando sinais de insatisfação com alguns comandantes, nos últimos meses.
Segunda apuração da Gazeta do Povo, coronéis que foram movimentados discutiram a possibilidade de pedirem aposentadoria em massa.
Porém, houve um entendimento entre eles que essa ação atenderia aos desejos da atual administração. Agora, os comandantes estudam entrarem com pedidos de licença, férias e outros tipos de afastamento para prolongar a permanência na corporação. Alguns coronéis foram informados da transferência por meio do Diário Oficial, sem qualquer comunicação prévia, o que gerou mais desconforto na corporação.
A insatisfação de Derrite com os comandantes da PM de São Paulo tem duas razões principais: a defesa deles ao uso das câmeras corporais e o descontentamento com a abordagem do secretário em relação às operações no litoral sul do estado. Um deles disse à reportagem da Gazeta do Povo que “é preciso se fazer uma polícia de contenção”, referindo-se à política de enfrentamento que tem levado a frequentes confrontos.
A principal mudança promovida pela gestão Tarcísio foi a substituição do subcomandante da PM, coronel José Alexander de Albuquerque Freixo. Essa troca é considerada incomum na corporação, normalmente só ocorrendo por força da lei devido ao tempo de serviço no posto de coronel.
Freixo é defensor da continuidade do programa de câmeras corporais e a redução da intensidade das operações no litoral sul, que têm gerado mortes em confronto. No lugar dele, o secretário colocou o comandante do Choque, coronel José Augusto Coutinho.
Segundo apuração da Gazeta do Povo, alguns secretários e assessores próximos a Tarcísio temem possíveis consequências das movimentações promovidas na PM.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que são movimentações de rotina: "A atual gestão da Secretaria da Segurança Pública reconhece e valoriza o trabalho dos policiais paulistas e informa que desde o início do ano, uma série de promoções por mérito e movimentações de rotina foi efetivada junto às polícias Civil, Militar e Técnico-Científica do Estado. Tais medidas são planejadas e executadas a partir de critérios estritamente técnicos com o objetivo de aprimorar constantemente a atuação policial e reforçar a segurança de toda a população".
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