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A travessia do futuro túnel imerso Santos-Guarujá, no litoral de São Paulo, prevê a instalação de pórticos de cobrança automática de pedágio - modelo conhecido como free flow. A tarifa-base para automóveis será de R$ 6,15, com previsão de reajuste anual.
Para as motocicletas, o valor é de metade da tarifa-base. Já para os caminhões com quatro ou mais eixos, a tarifa-base será de R$ 49,20. A previsão é que o túnel imerso seja inaugurado em 2028.
Atualmente, a travessia entre as margens é feita diariamente por 21 mil veículos, por meio das balsas, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres. Pela rodovia, a ligação entre as maiores cidades da Baixada Santista tem uma extensão de 40 quilômetros.
Com a instalação do túnel entre as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, e o bairro Vicente de Carvalho, no Guarujá, a previsão é que o percurso seja realizado em dois minutos.
Travessia imersa será a primeira da modalidade no Brasil
O edital para o túnel da Baixada Santista confirma o processo de construção do primeiro túnel do país no modelo imerso para travessia do canal marítimo entre Santos e Guarujá. A estrutura será composta por seis módulos de concreto pré-moldados que serão construídos em uma doca seca.
Em seguida, os módulos serão “mergulhados” na água para o teste de vedação e impermeabilidade. Depois de prontas, as partes serão transportadas por flutuação até o local onde o túnel será instalado no fundo do leito oceânico.
Confira as etapas divulgadas pelo governo de São Paulo para a construção do túnel Santos-Guarujá:
- Preparação do solo: a primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel.
- Construção: os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.
- Transporte: quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar.
- Posicionamento: os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.
- Imersão: a água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores.
- Ligação dos elementos: por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles.
- Acoplagem: a união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.
- Nivelamento: em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.
- Proteção: por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.
Contrato para construção do túnel Santos-Guartujá é de R$ 5,7 bilhões
O edital do túnel imerso Santos-Guarujá foi publicado no último dia 27 pela Secretaria de Parceria de Investimentos (SPI) do estado de São Paulo com contrato estimado em R$ 5,7 bilhões na parceria público-privada (PPP) para construção e gestão da estrutura, que será instalada a 21 metros de profundidade no canal de 870 metros para ligação seca entre as cidades da Baixada Santista.
O leilão com as propostas das empresas interessadas no projeto do primeiro túnel imerso do país será realizado no dia 1º de agosto na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. De acordo com o edital, a vencedora ficará responsável pela construção do sistema de interligação no prazo de 60 meses, a contar da assinatura do contrato de concessão de 30 anos. A estimativa de receita tarifária até o sexto ano de contrato de R$ 2,16 bilhões.
Segundo o edital, o túnel terá três pistas em cada sentido, espaço para ciclovia e passagem de circulação para pedestre, além de uma das faixas adaptável ao VLT (veículo leve sobre trilhos). O poder público estadual tem planos de estender o sistema de transporte até a cidade de Guarujá. Atualmente, o VLT liga os municípios de São Vicente e Santos.
O governo do estado de São Paulo informou que o projeto-executivo foi validado por duas consultorias internacionais especializadas em projetos de alta complexidade de engenharia e possui licença ambiental prévia. Além disso, a construção do túnel imerso levou em consideração as operações do porto de Santos, o maior da América Latina, que seria impactado com a travessia por meio de uma ponte.
Como será o leilão do túnel imerso Santos-Guarujá
De acordo com o edital, o leilão para construção e administração do túnel será definido pelo critério de menor valor da contraprestação pública para execução e manutenção da estrutura em parceria com a iniciativa privada. O valor-base de investimento anual pelo poder público é de R$ 304 milhões.
Ou seja, a empresa que oferecer o maior percentual de desconto sobre a contraprestação pública será a vencedora da licitação. Se a licitante apresentar um lance de 100% de desconto, a concorrente deve apresentar uma proposta adicional de desconto sobre o aporte público máximo, previsto em R$ 4,96 bilhões.
Neste caso, o segundo critério define a concessionária responsável pelo projeto do túnel imerso na Baixada Santista. O custo operacional da estrutura é calculado em R$ 1,3 bilhão.
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