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Em parceria com empresas da iniciativa privada, a Sabesp construirá a primeira usina de dessalinização no estado de São Paulo.
Em parceria com empresas da iniciativa privada, a Sabesp construirá a primeira usina de dessalinização no estado de São Paulo.| Foto: Divulgação/Sabesp

Em meio ao processo de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a empresa lançou um edital no último dia 19 para companhias interessadas em construir uma usina de dessalinização, que transforma água do mar em potável. A estrutura foi projetada para Ilhabela, litoral norte do estado paulista. As empresas interessadas têm até 25 de junho para apresentar propostas. A previsão é que a usina seja implantada em 2026.

O município de Ilhabela possuiu 19 ilhas e é cercado por água. É a cidade onde os residentes têm, proporcionalmente, menos acesso ao abastecimento de água no estado paulista. Esse é um dos problemas que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prometeu resolver após a companhia passar para o controle da iniciativa privada.

A usina de dessalinização de água será a primeira no estado paulista. A medida visa fornecer água potável para mais de 8 mil habitantes, do total de 30 mil do município. Em nota, a Sabesp afirma que a usina atenderá a demanda da alta temporada na cidade. “A usina vai captar água salgada e terá capacidade de processamento de até 30 litros por segundo, permitindo à Sabesp aumentar em 22% a oferta de água tratada e atender os clientes da cidade mesmo na alta temporada, quando a população cresce de forma exponencial”, explica a empresa.

A Sabesp diz ainda que a usina de dessalinização contará com alta tecnologia, em meio à aplicação da alternativa utilizada em muitos países. “A dessalinização é uma tecnologia amplamente empregada em locais como Dubai, Israel e Califórnia. Conta com tecnologia avançada de osmose reversa, processo usado internacionalmente. A água dessalinizada será transportada para reservatório localizado na própria Estação de Tratamento de Água (ETA) Água Branca, onde será distribuída para consumo da população”, afirma a companhia.

Especialista diz que usina de dessalinização pode resolver a demanda por água potável

José Simões, engenheiro mecânico e professor na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), aprova a implantação da usina em Ilhabela. “Trata-se de um projeto relevante para suprir a demanda de água potável na ilha, já que a capacidade de abastecimento é limitada, sobretudo na época de altas temporadas”.

O docente aponta que, devido à localização da região, não há muitas alternativas para o problema da falta de água potável. “A ilha não tem muitas opções de obtenção de água potável. A dessalinização da água do mar pode ser uma das poucas, se não a única opção viável. Existem algumas tecnologias possíveis para serem empregadas, sendo a de osmose reversa uma delas”.

Simões afirma que o projeto - pioneiro no estado - pode resolver a falta de água na localidade. “Se for realizada corretamente, deve mitigar o problema de falta de água na ilha. Além disso, o empreendimento pode servir de base de estudos para outras usinas em regiões litorâneas ou do interior, cuja água seja salobra”, aponta ele.

Ceará desenvolve maior usina de dessalinização da América Latina

O estado do Ceará construirá a usina que é apontada como a maior de dessalinização da América Latina, com capacidade de abastecer a capital Fortaleza com mil litros por segundo. O equipamento deve ficar pronto em 2026.

O projeto será desenvolvido por meio de uma parceria público-privada (PPP) entre a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), vinculada ao governo estadual, e o consórcio SPE Águas de Fortaleza, que venceu edital com investimento previsto de R$ 3,2 bilhões ao longo dos próximos 30 anos.

Planta do projeto da usina de dessalinização que será construída na Praia do Futuro, no Ceará.
Planta do projeto da usina de dessalinização que será construída na Praia do Futuro, no Ceará. | Divulgação/Cagece

Alvo de críticas de companhias de telecomunicações pela proximidade da usina com os cabos submarinos de internet que alimentam o país todo, o governo do Ceará foi obrigado a refazer o projeto. Dentro do mar da Praia do Futuro, as estruturas da usina incluem a torre de captação e as tubulações.

A água será coletada a pouco mais de um quilômetro da costa, com a torre submersa a uma profundidade de 14 metros, sendo projetada para manter a dinâmica das correntes marítimas locais. Isso está levantando preocupações no setor de telecomunicações, pois as primeiras versões do projeto propunham posicionar as tubulações entre dois cabos de fibra ótica que conectam o Brasil à Europa.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), esses cabos que chegam a Fortaleza são responsáveis por 99% do tráfego de dados, e qualquer rompimento poderia deixar o país completamente offline ou com uma internet significativamente mais lenta.

De acordo com a Cagece, inicialmente a estrutura ficaria a 40 metros de um dos cabos e a 50 metros de outro. Após a solicitação da Anatel, a nova distância será superior a 560 metros da estrutura da usina para os cabos de internet. A mudança recomendada por órgãos internacionais busca garantir que não haja interferência nos cabos submersos.

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