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Durante uma audiência na Câmara Municipal de São Paulo, a vereadora Cris Monteiro (Novo) foi classificada como "racista" por manifestantes que estavam presentes, após declarar que uma mulher "branca, bonita e rica incomoda".
O caso ocorreu enquanto a vereadora discursava na votação do projeto de reajuste salarial para servidores públicos da prefeitura. Sindicatos e associações acompanharam a audiência para protestar contra o parcelamento do reajuste e os valores abaixo da inflação.
"Eu escutei todos vocês calados. Enquanto vocês falaram, ninguém se manifestou. Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade pra vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica, incomoda muito vocês. Mas eu tô aqui representando uma parte importante da população", declarou Cris Monteiro ao repreender a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la.
Em resposta à vereadora do Novo, Luana Alves, que é negra, classificou a fala como "racista" e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris teria direcionado as palavras diretamente a ela enquanto discursava.
Na transmissão da sessão pela Rede Câmara no Youtube, o áudio oficial chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. No retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.
“Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso”, declarou Cris Monteiro.
Presidente da Câmara Municipal não identificou crime de racismo
Ao comentar sobre o episódio, o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Teixeira (União Brasil), afirmou que a Casa "não permite racista". Teixeira mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por declaração de teor racista, mas ponderou que, ao rever o vídeo com a fala de Cris, não identificou crime.
“Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo”, declarou Teixeira, acrescentando que a Corregedoria da Câmara irá acompanhar o caso. “Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também.”
A declaração gerou reações imediatas. Parlamentares do PSOL reafirmaram que a fala de Cris Monteiro foi claramente racista e exigem providências. Uma vereadora da bancada, que preferiu não ter o nome divulgado, disse esperar que o caso tenha o mesmo desfecho do processo que levou à cassação de Cristófaro.
“A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara”, afirmou a parlamentar.
Cris Monteiro já esteve envolvida em outra polêmica. Em 2021, ela protagonizou um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. O conflito ocorreu nos bastidores de uma sessão sobre a reforma da Previdência, quando as duas trocaram empurrões no banheiro ao lado do plenário.
Um relatório da Corregedoria recomendou, na época, a suspensão das funções legislativas de ambas as vereadoras, mas a ação disciplinar acabou não avançando no plenário.









