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Quem nunca ouviu a frase “o tempo está voando” ou “quando a gente vê, já é dezembro de novo”? Essa sensação comum, de que o tempo passa mais rápido à medida que ocorre o processo de envelhecimento, não é apenas uma impressão pessoal: ela já foi estudada por psicólogos, neurologistas e até filósofos.
O relógio marca os segundos da mesma forma para crianças e adultos. Mas a forma como cada pessoa vive e percebe esse tempo é diferente, de acordo com estudo publicado pela Cambridge.
Os cientistas chamam essa diferença de tempo objetivo – que é medido pelo relógio e calendário – e tempo subjetivo – a maneira como sentimos a passagem das horas, dias ou anos. E é nesse campo subjetivo que mora a sensação de aceleração do tempo.
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Teoria da proporcionalidade da vida: o que impacta na sensação de "aceleração do tempo"?
Um dos modelos mais citados é o da proporcionalidade da vida. Para uma criança de 5 anos, um único ano representa 20% de toda a sua existência. Já para alguém de 50, um único ano é apenas 2%.
Essa diferença de escala faz com que as experiências da infância pareçam longas e intensas, enquanto a vida adulta dá a impressão de correr em ritmo acelerado.
A memória e a novidade das experiências no processo de envelhecimento
Outro fator crucial presente na pesquisa de Cambridge é o funcionamento da memória. Na infância, tudo é novidade: o primeiro dia de escola, aprender a andar de bicicleta, viagens em família. Cada experiência única ocupa espaço na mente e cria uma sensação de tempo mais cheio.
Com o passar dos anos, a rotina se torna mais previsível e os dias parecem se repetir. Como é registrado menos acontecimentos marcantes, tem-se a impressão de que os meses e anos “escorrem pelos dedos”.
Rotina, repetição e envelhecimento cerebral
A vida adulta é marcada por tarefas repetitivas: trabalhar, pagar contas, cuidar da casa. Essa rotina contribui para a ideia de que o tempo passa mais rápido, porque o cérebro não cria tantas memórias vívidas desses dias parecidos entre si.
Além disso, estudos indicam que o envelhecimento cerebral pode reduzir a capacidade de processar e registrar o tempo com a mesma intensidade de quando mais jovens, reforçando a sensação de aceleração.
Metabolismo e percepção fisiológica conforme o envelhecimento ocorre
O estudo também relaciona o metabolismo corporal à percepção temporal. Crianças têm batimentos cardíacos e processos metabólicos mais rápidos, o que pode fazer o tempo parecer “mais cheio”.

Com o passar dos anos e o envelhecimento, o corpo desacelera, e os intervalos subjetivos entre os acontecimentos parecem encolher.
Dito isso, é possível “desacelerar” o tempo?
Embora não seja possível controlar o relógio, existe a possibilidade de influenciar a forma como ele é percebido. Especialistas sugerem que buscar novas experiências, aprender habilidades diferentes e cultivar memórias marcantes ajuda a criar a sensação de que o tempo passa mais devagar. Viajar, mudar a rotina, praticar hobbies e manter o cérebro ativo são estratégias que podem “esticar” o tempo subjetivo.
No fim, a sensação de que o tempo passa mais rápido com o envelhecimento não é um truque cruel do relógio, mas uma consequência de como vivemos, lembramos e experienciamos o mundo.
Se os anos parecem correr, talvez este seja um lembrete de que precisamos preencher nossos dias com mais novidade, intensidade e presença.



