O encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio terminou sem avanços concretos e com tom tenso. Rubio cobrou diretamente o Brasil sobre a escalada autoritária e violações de direitos fundamentais, suspendendo qualquer trégua tarifária ou flexibilização de sanções.
A tentativa de focar a crise em questões comerciais, como tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, foi rapidamente superada pelo alerta americano sobre a deterioração da confiança nas instituições brasileiras.
Segundo fontes, a Casa Branca e o Congresso dos EUA monitoram de perto o Judiciário brasileiro, especialmente atos de censura e perseguição política vinculados ao ministro Alexandre de Moraes. A mensagem foi clara: a retomada da parceria estratégica depende do respeito à democracia e aos direitos civis.
Discurso de Lula revela alinhamento ideológico e crítica à interferência externa
No 16º Congresso do PCdoB, Lula defendeu enfaticamente a soberania da Venezuela e de Cuba, argumentando que nenhum presidente de país estrangeiro tem o direito de “dar palpite” no destino desses países. Ele afirmou que “o povo venezuelano é dono do seu destino” e rejeitou comparações que pintam o Brasil como uma versão daquela nação sob governo de esquerda.
Lula ainda elogiou Cuba, dizendo que a ilha não é “país exportador de terroristas”, mas “exemplo de povo e de dignidade”. Ressaltou que, entre 2003 e 2010, a América do Sul viveu seu “melhor momento político, ideológico e social” com governos de esquerda — mencionou líderes como Chávez, Kirchner, Bachelet e Evo Morales. Durante o mesmo discurso, o presidente declarou que “possivelmente será candidato” em 2026, se mantiver a saúde, e que pretende retomar programas sociais e ampliar seu vínculo com o povo, mesmo reconhecendo deficiências de comunicação da esquerda.
Indicação de Messias mostra estratégia contra resistências do Judiciário
O governo Lula decidiu indicar Jorge Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal. Essa escolha, apesar de não oficializada ainda, surpreende porque Lula teria ignorado tanto setores influentes no STF quanto pressões do Senado e de lideranças que apoiavam outros nomes, como o senador Rodrigo Pacheco.
Messias, com apenas 45 anos, ganha vantagem estratégica: pode permanecer décadas no Supremo, moldando decisões conforme a agenda política do governo. A indicação representa uma manobra de poder para neutralizar resistência institucional ao projeto petista e garantir que o STF se alinhe mais facilmente às diretrizes do Palácio do Planalto.
Lula oferece diretorias dos Correios a Alcolumbre para garantir apoio no STF
O presidente Lula ofereceu três cargos de diretoria nos Correios ao senador Davi Alcolumbre como parte de uma articulação política visando assegurar que o Senado desista do apoio à indicação de Rodrigo Pacheco ao STF, após a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso. Os Correios atravessam uma crise financeira grave, e o governo planeja tomar empréstimos com garantia do Tesouro para equilibrar as contas em 2025 e 2026. Já começaram mudanças no organograma da estatal: uma diretora foi exonerada, e outras demissões devem ocorrer em diretorias estratégicas (Operações, Gestão de Pessoas).
A indicação de cargos nas estatais se integra ao pacote de negociações com o Senado, visto que o governo precisa do aval dos senadores para a sabatina de nome para a Corte.
O Sem Rodeios vai ao ar às 13h30 pelo canal da Gazeta do Povo no YouTube.
