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Para nascer uma mãe é preciso transformar uma mulher. Nesse processo, jamais deverão ser suprimidas as individualidades da nova mãe
Para nascer uma mãe é preciso transformar uma mulher. Nesse processo, jamais deverão ser suprimidas as individualidades da nova mãe| Foto: Alexander Grey/Unsplash

A vida passa a ter um novo sentido com o nascimento de um filho, principalmente para a mulher. Ela descobre o amor incondicional, a ponto de dar a própria vida pelo bebê que acabou de chegar, e entende o que é ficar em estado de imersão, sem ver o tempo passar.

Embora o se tornar mãe seja lindo e intenso, ao mesmo tempo também é solitário e difícil, acredita Denize Savi, especialista em ciência da felicidade. Afinal, segundo ela, só a mulher sabe o que é gerar, parir e maternar, inclusive o que é equilibrar os pratinhos entre maternidade e carreira profissional, entre maternidade e relacionamento.

Quem já não escutou a famosa expressão “quando nasce um bebê, nasce uma mãe”? E “quando nasce uma mãe, morre uma mulher sem filhos”? Pois é, essas são frases comuns de serem ditas e ouvidas, mas, infelizmente, não devem ser vistas como verdade absoluta, por conta da carga psicológica que trazem.

“Para nascer uma mãe é preciso transformar uma mulher. E nesse processo de mudança, embora seja fundamental desapegar-se de quem foi no passado para dar espaço a uma nova fase da vida, jamais deverão ser suprimidas todas as vontades e individualidades da nova mãe”, destaca Denize, que tem MBA em Psicologia Positiva, Neurociência e Comportamento, além de coordenar a ONG Doe Sentimentos Positivos.

É importante, segundo ela, levar em consideração as variáveis na realidade da mulher, como o momento que ela está vivendo, o ambiente, as circunstâncias em que a gravidez aconteceu – se desejada ou não, as condições financeiras e até mesmo a rede de apoio. Afinal, tudo impactará na forma como ela irá encarar as mudanças trazidas pelo nascimento da criança, inclusive quanto às renúncias de algumas coisas para a chegada de outras.

Tais renúncias, presentes no processo de transformação, são as responsáveis por causarem impactos negativos e sentimentos de luto na mulher, que precisa perder algumas coisas para elaborar-se como mãe. “No início da maternidade, além do papel de esposa e filha, essa mulher passa a se tornar uma figura central para o bebê, assumindo a figura de mãe”, pontua a psicóloga Andreia Moessa Coelho.

E ainda que temporariamente, existe uma série de perdas como o sono e o cuidado próprio, para que as demandas que um recém-nascido exige sejam atendidas. Elas precisam ser reconhecidas, para que se dê espaço às coisas boas que chegam, como o cheiro do bebê, as risadas e o próprio cotidiano, que mesmo corrido, é muito recompensador. “A vivência de um desejo, de um sonho realizado, de um cotidiano que pode ser gostoso, só será vivido se não escondermos ou negarmos as perdas que precisam ser feitas”, acrescenta ela, que é especialista em psicanálise, perinatalidade e parentalidade.

Como enfrentar o processo de transformação?

É natural surgirem sentimentos ambivalentes de felicidade e angústia pelas mudanças, e cada mulher vivencia isso de formas diferentes. Por isso, encarar esse momento como um rito de passagem e se valer dos desafios para ganhar musculatura emocional, embora exija muita coragem e dedicação, torna a mulher resiliente, orienta Denize.

“É natural sentir medo, insegurança e aquela sensação de não saber o que fazer diante de tantas demandas. Mas é preciso confiar no processo e deixar aflorar a intuição materna que habita em cada mulher”, acrescenta a especialista em ciência da felicidade.

*Esse conteúdo originalmente foi publicado no portal Sempre Família em 7/10/2022

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