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COP-15

Brasil continua sem meta para redução de gases

Área desmatada no Pará: conter a devastação responderia por metade da redução na emissão de gases poluentes | Paulo Whitaker/Reuters
Área desmatada no Pará: conter a devastação responderia por metade da redução na emissão de gases poluentes (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)

Brasília - O Brasil pode chegar à Con­ferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) de Copenhague, em dezembro, sem uma meta quantitativa para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Por en­­quanto, o governo definiu apenas o objetivo de diminuir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020. Ainda faltam propostas para outras quatro áreas – agropecuária, energia, siderurgia e proteção de outros biomas nacionais.

A expectativa era de que as sugestões finais fossem apresentadas ontem, após uma reunião de três horas entre o presidente Lula e sete ministros das áreas econômica e ambiental. "Pode ser que não apresentemos os números diretamente, mas as medidas que vamos adotar", disse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo ela, a postura brasileira será de mostrar uma proposta "voluntária", sem interferências de outros países.

As discussões internas do governo sobre a COP-15 arrastam-se por meses. Em outubro, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, apresentou a ideia de que o Brasil pode reduzir em até 40% as emissões de gases poluentes até 2020. Metade dessa diminuição seria provocada pela queda do desmatamento da Amazônia e o restante, nas quatro áreas que permanecem indefinidas.

O projeto, no entanto, considerava um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 4% ao ano. Dilma questionou a proposta e ontem foram apresentadas duas novas simulações, com porcentagens de avanço do PIB de 5% e 6%. "Nós ‘estressamos’ os números, mas não houve nenhuma mudança muito siginificativa", declarou a ministra.

De acordo com os estudos, o Brasil teria condições de se comprometer com uma redução entre 17% e 20%, além da provocada pela diminuição do desmatamento amazônico (mais 20%). A relutância em apresentar números também é reflexo da política "defensiva" dos países ricos. "O Brasil não vai se esconder atrás de ninguém, nem ninguém poderá se esconder atrás do Brasil", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Durante entrevista coletiva em Brasília, Amorim, Dilma e Minc fizeram questão de comparar as propostas apresentadas até agora. Segundo levantamento dos ministros, apenas a redução do desmatamento da Amazônia equivale a um quinto da diminuição de gases proposta por todos os países desenvolvidos. Ela também é superior a todas as medidas que estão sendo debatidas nos Estados Unidos e que ainda dependem de aprovação do Congresso norte-americano.

Minc afirmou que ainda é possível que o Brasil apresente planos quantitativos para as demais áreas. A reunião definitiva sobre o assunto antes da COP-15 está marcada para o dia 14 de novembro. Ontem, ele apresentou em linhas gerais o que já está sendo discutido. "A segunda área que pode mais contribuir é a agropecuária", declarou. O mi­­nistro da Agricultura, Reinhold Stephanes, apresentou ontem aos colegas estudos que mostram que a adoção de práticas não poluentes acabam melhorando os índices de produção rural. "Algumas atividades como o plantio direto e a recuperação de áreas degradadas são fundamentais", afirmou.

Na área de energia, o Brasil já seria vanguarda com a produção de biocombustíveis como o etanol. No entanto, o país teria de se comprometer com a redução do desmatamento em outros biomas, como o Cerrado e a Mata Atlântica. "São regiões que nunca foram quantificadas", disse o ministro.

Outra sugestão é a produção apenas de "aço verde" no Brasil. Atualmente, metade do carvão vegetal consumido pela siderurgia brasileira é extraído da mata nativa. A ideia é fazer com que as indústrias usem apenas árvores de replantio. "Haverá no futuro uma tendência a rotular os produtos (que não agridam o meio ambiente). Só isso já seria mais uma vantagem competitiva para o aço brasileiro", defendeu Amorim.

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