O comando da Polícia Militar (PM) negou, nesta quinta-feira (19), que policiais estejam se organizando para deflagrar uma greve ou que estejam trabalhando em operação-padrão (atendendo apenas ocorrências de urgência). Em entrevista coletiva, o subcomandante geral, coronel César Alberto Souza, atribuiu o movimento a ex-policiais e a PMs que estão em vias de serem expulsos da corporação. A articulação seria uma maneira de pressionar a regulamentação da Emenda 29 à Constituição do Paraná, dispositivo que estabelece a incorporação das gratificações no soldo dos policiais. "É uma minoria que está descontente. Precisamos vencer essa boataria", disse o coronel.
Ao longo desta semana, a frequência do sistema de comunicação da PM e do Corpo de Bombeiros foi invadida por diversas vezes. Em vez de circularem informações sobre as ocorrências em andamento, os radiocomunicadores tocaram músicas e chegaram a ser usados para veicular mensagens em apologia à greve. Policiais militares ouvidos pela Gazeta do Povo disseram que, nesta quarta-feira (18), correram mensagens conclamando os "praças" - como são conhecidos soldados, cabos e sargentos a iniciar a paralisação já na próxima terça-feira (24).
"As entidades que representam os policiais não querem a paralisação. Se isso [a greve] ocorrer, toda a negociação que a PM mantém com o governo do estado vai enfraquecer. (...) As medidas legais cabíveis vão ser tomadas contra os que pararem", afirmou o subcomandante.
O coronel César Souza reconheceu que houve interferências no sistema de comunicação interno da PM e que, durante os períodos em que houve invasão dos sinais, os policiais tiveram que recorrer a telefones fixos e a celulares para manter a comunicação. O subcomandante, no entanto, negou que isso tenha prejudicado o atendimento à população. De acordo com o policial, todos os HTs (comunicadores portáteis) serão recolhidos para que seja trocada a frequência de operação dos aparelhos.
"Isso vai começar pelo 12º Batalhão, onde os rumores são maiores. No máximo em 10 dias, todos os equipamentos deverão estar com a nova frequência e serão devolvidos aos policiais", informou.
Na quarta-feira (18), a Gazeta do Povo mostrou que a articulação entre os "praças" começava a ganhar corpo e os policiais se mostravam propensos a aderir à "operação-padrão". PMs de São José dos Pinhais, na região metropolitana, atribuem o recolhimento dos HTs a uma tentativa do comando de jogar panos quentes sobre a mobilização. A medida foi mal recebida pelos policiais, que vêem risco na atuação sem os comunicadores.
"Eu não vou entrar em um beco sem meu HT. Se eu precisar me comunicar para pedir reforço, como vou fazer? A ordem é [fazer] operação tartaruga", disse um soldado, que solicitou anonimato.