Depois de chamar a atenção de parlamentares americanos para a ofensiva contra a liberdade de expressão no Brasil, deputados brasileiros tentam obter apoio do grupo político do presidente Javier Milei na Argentina.
Nesta quinta-feira (30), quatro parlamentares brasileiros falaram na Câmara dos Deputados argentina a respeito da censura promovida pelo Judiciário e do que consideram excessos cometidos contra os presos do 8 de janeiro.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Julia Zanatta (PL-SC), Marcel Van Hattem (NOVO-RS) e Rodrigo Valadares (União-SE) participaram de uma audiência pública a convite da parlamentar argentina Maria Celeste Ponce, que pertence ao mesmo partido do presidente Javier Milei.
“Estivemos hoje na Argentina trabalhando por uma democracia verdadeira, onde deputados, jornalistas, youtubers e cidadãos não sejam presos ou multados apenas por postar nas redes sociais", escreveu Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em sua página na rede social X. Ele também disse ter defendido a anistia aos presos do 8 de janeiro.
Junto com os parlamentares, estavam representantes dos réus do 8 de janeiro e os advogado Ezequiel Silveira e Carolina Siebra, que defendem algumas das pessoas presas durante a invasão às sedes dos três poderes.
Apoio a presos de 8 de janeiro
Na audiência pública, os deputados brasileiros afirmaram que os réus de 8 de janeiro são presos políticos. "Não são criminosos. Pelo contrário: são pessoas que têm opiniões contra a criminalidade, particularmente na política, e que hoje estão condenadas a passar anos na prisão", disse Marcel Van Hattem em entrevista à emissora argentina Radio de La Ciudad.
Segundo o parlamentar gaúcho, o objetivo da viagem é pedir ajuda ao governo e aos deputados “para que essas pessoas possam viver em liberdade".
Após o evento, Van Hattem também conversou com a página Space Liberdade. Na entrevista, ele afirmou que a visita à Argentina deve ter desdobramentos. "A repercussão é imediata porque há deputados que vieram para essa comissão e que não conheciam a realidade, e que já estão dispostos a fazer novos encontros em outras comissões do Congresso Nacional", afirmou.
O deputado gaúcho também disse esperar o apoio do presidente argentino. "Hoje é o presidente é Javier Milei, que tem afinidade total com a liberdade de expressão, contra a censura, e por isso mesmo vamos precisar muito da ajuda da Presidência aqui", disse ele.
Já o advogado Ezequiel Silveira afirmou que o objetivo da viagem foi buscar apoio internacional para pressionar as autoridades brasileiras. "A gente pôde cumprir mais uma etapa dessas missões internacionais que nós estamos fazendo, levando a realidade do que está acontecendo no Brasil para que o mundo saiba o que está acontecendo e isso gere uma pressão internacional de modo que a situação do Brasil seja modificada o quanto antes", afirmou em sua página no Instagram.
Ida aos Estados Unidos rendeu frutos
Em março deste ano, uma comitiva de parlamentares e ativistas conservadores brasileiros esteve no Congresso dos Estados Unidos para denunciar a censura a figuras de oposição e o tratamento excessivamente rígido dado aos réus do 8 de janeiro.
A visita rendeu frutos: dois meses depois, a comissão que trata de Direitos Humanos convocou uma audiência pública para tratar da situação do Brasil. Entre os convidados a falar estava o empresário Paulo Figueiredo Filho, investigado por supostamente incentivar a prática de atos antidemocráticos.
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