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Descaso de governos e população mantém o Aedes vivo na história do Brasil

 | CDC Organization/James Gathany
(Foto: CDC Organization/James Gathany)

Há 35 anos o mosquito Aedes aegypti , transmissor de vírus que causa dengue, zika e chicungunha, desafia os governos brasileiros e provoca epidemias de dengue quase que anuais. Os primeiros registros da doença ocorreram ainda na segunda metade da década de 1910, mas foi a partir de 1981 que a dengue começou a se espalhar pelo Brasil, e o país passou a apresentar um descontrole no combate ao mosquito. Especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmam que há erros, tanto por parte do Estado quanto da população, que contribuem para que os surtos e as epidemias ocorram com tanta frequência. Entra governo, sai governo, e as epidemias persistem.

Deficiências em saneamento básico, além da falta de cuidados com áreas públicas, se somam às mudanças climáticas para tornar o país um ambiente propício ao Aedes aegypti. Pesquisador da Fiocruz, o historiador Rodrigo Magalhães estudou a campanha de erradicação do inseto nos países das Américas a partir dos anos 1920. De acordo com ele, o Brasil foi pioneiro no combate ao mosquito, eliminando-o em 1955, junto com outros vizinhos, num esforço internacional. Na época, o Aedes era uma ameaça por transmitir a febre amarela.

Mas, ignorando o poder de infestação do mosquito e confiando na sua erradicação, iniciou-se um processo de sucateamento da estrutura usada pela campanha, deixando o país vulnerável. As primeiras baixas nos programas de controle ao Aedes aconteceram no período de Juscelino Kubitschek, estendendo-se, posteriormente, pelos governos militares. Para Magalhães, a retomada do combate ao mosquito pelo governo, após a epidemia de 1981 no Rio de Janeiro, não acompanhou a velocidade da infestação.

“O Aedes aegypti foi erradicado no Brasil em uma campanha continental. No entanto, o trabalho de combate nas Américas não foi concluído no Caribe e, no Sul dos Estados Unidos, não atingiu o objetivo. O governo americano enfrentou resistências internas políticas e científicas em relação à campanha. Ao acabar com serviços que faziam o controle do mosquito e sucatear a estrutura montada para a campanha, o Brasil ficou vulnerável e permitiu a entrada do mosquito. No Norte, chegaram Aedes aegypti dos Estados Unidos e, no Nordeste e Sudeste, vieram do Caribe”, explica.

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