A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre o caso de assédio sexual que sofreu por parte do ex-ministro Silvio Almeida. Ela foi uma das vítimas que vieram à tona, depois que a ONG MeToo confirmou as denúncias de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos.
Almeida foi demitido do cargo pelo presidente Lula, após o governo federal considerar “insustentável” a permanência dele na pasta. O ex-ministro afirma que todas as denúncias são “mentiras” e “ilações absurdas” sem provas.
Em entrevista à Veja, publicada nesta sexta-feira (4), Anielle revelou várias situações, como as insinuações embaraçosas e importunações que ocorreram desde o início do governo de transição no final de 2022.
“É importante deixar claro que o que aconteceu comigo foi um crime de importunação sexual. A gente está falando de um conjunto de atos inadequados e violentos, sem consentimento e reciprocidade, que, infelizmente, mulheres do mundo inteiro vivenciam diariamente”, declarou Anielle.
Segundo a Veja, a entrevista foi concedida logo depois dela prestar depoimento à Polícia Federal que investiga as denúncias contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, demitido pelo presidente Lula, após a revelação das denúncias. O depoimento foi mantido em sigilo, mas na entrevista, ela reforçou que foi “vítima de importunação sexual”.
Anielle evitou entrar em detalhes sobre as situações sofridas e reforçou que é uma forma de “preservar as investigações em curso”, além de não querer “repetir a violência”. “Traumas não são entretenimento”, disse.
Sobre o silêncio e o fato das denúncias serem feitas apenas 2 anos depois dos episódios, a ministra disse que decidiu silenciar sobre o caso, assim como outras mulheres, “com medo do descrédito, dos julgamentos”, e o receio de apontarem a culpa para ela mesma. “Eu me senti vulnerável”, destacou.
De acordo com Anielle, o ex-ministro parecia ter duas personalidades, de modo que em público, se apresentava como um “defensor de causas socialmente importantes”. Porém, reservadamente, ela diz que ele “agia como um predador”.
“Não tínhamos nenhuma relação profissional até a transição do governo, em dezembro de 2022. Ali começaram as atitudes inconvenientes, que foram aumentando ao longo dos meses até chegar à importunação sexual. Por um tempo, quis acreditar que estava enganada, que não era real, até entender e cair a ficha sobre o que estava acontecendo”, explicou a ministra à Veja.
Denúncias contra Silvio Almeida estão em investigação
Todas as denúncias contra Silvio Almeida estão sendo investigadas pela Polícia Federal (PF). O caso também está sendo analisado na Comissão de Ética da Presidência da República, ainda não há nenhuma sentença contra o ex-ministro.
Recentemente, a PF encaminhou a investigação preliminar ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na apuração, consta o depoimento de uma das mulheres denunciantes do ex-ministro que prestou depoimento à PF, conforme reportagem do O Globo. Para integrantes da PF, ouvidos pelo Globo, "o testemunho da vítima se assemelha a outros que já surgiram sobre a suposta conduta do ex-ministro, o que pode apontar para um padrão".
Ao encaminhar o caso para o STF, a PF considerou que há elementos suficientes para abrir inquérito contra o ex-ministro e por isso quer descobrir se as investigações seguem no Supremo pelo fato de as denúncias terem ocorrido na época em que ele era ministro e tinha foro privilegiado, ou se seguem para análise de outra instância judicial.
Posteriormente o envio da investigação preliminar, o ministro André Mendonça abriu o inquérito criminal contra Silvio Almeida. Dentro da investigação, a PF poderá pedir a André Mendonça quebras de sigilo, não só telefônico, mas também telemático, que possibilita descobrir tudo o que o ministro guardava em aplicativos de mensagem, e-mails e contas em redes sociais, por exemplo.
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