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A uberização da economia’, modelo sem volta segundo especialistas, também tem seus riscos. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A uberização da economia’, modelo sem volta segundo especialistas, também tem seus riscos.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

O sucesso de empresas como a Uber e Airbnb fez despertar em jovens empreendedores o sonho de ganhar o seu primeiro milhão na vida muito antes do esperado. Mas a ‘uberização da economia’, modelo sem volta segundo especialistas, também tem seus riscos. Mesmo recente, o modelo já provocou vítimas – até mesmo apps que conquistaram milhares de adeptos.

Cada vez mais frequente no modelo de consumo moderno, a economia compartilhada está longe de ser restrita a motoristas. Cabelereiros, chefs de cozinha, médicos, psicólogos, limpeza doméstica. São vários os profissionais que já têm uma plataforma (ou mais de uma) voltada para aproximá-los dos seus clientes. Mas Marcelo Coutinho, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e consultor de estratégia digital, vê riscos nesse crescimento.

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“Tem muita gente achando que dá para replicar o modelo do Uber em mercados que são absolutamente distintos. Como consequência, veremos muitos fracassos adiante”, prevê. Consultor em estratégia digital, Coutinho explica que esse modelo funciona onde existe um tipo de ociosidade temporária, como com carro, um quarto vago ou alguém com uma habilidade específica e algum tempo livre.

E os riscos não se resumem a questões econômicas. A dinâmica das cidades também pode afetar o negócio. Recentemente, o jornal The New York Times mostrou o caso do Luxe, que aproximava motoristas de manobristas em áreas de alta demanda por vaga em São Francisco, no Estados Unidos. Começou com um preço bem atraente (US$ 5 o dia, algo em torno de R$ 17,50), mas hoje está mais caro do que um estacionamento convencional. A empresa aponta excesso de demanda para a explosão do preço.

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No Brasil, aplicativos que, mesmo que parte, emulavam o Uber também naufragaram. O Tripda, uma plataforma de carona, encerrou suas atividades neste ano depois de ter transportado um milhão de pessoas. Já o Zaznu, do empresário Yonathan Yuri Faber, chegou ao fim no final de 2014. A plataforma contou com investimento internacional superior a US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 3,5 milhões), chegou ao Brasil antes do Uber, fez uma base de mais de dez mil usuários e teve ampla divulgação de mídia. Não deu certo. “Teve outras coisas que atrapalharam, mas a burocracia brasileira foi o principal entrave”, disse Yuri. Ele agora está por trás do projeto falafreud.com, uma plataforma que aproxima psicólogos de pacientes. “A ideia é aproveitar o tempo ocioso do psicólogo entre uma consulta e outra”, explicou o empresário. O aplicativo inspirado no app Talkspace – plataforma americana com mais de 200 mil usuários – está em versão beta e já tem três mil cadastrados.

No vermelho

Responsável pelo Fleety, plataforma de carona nascida em Curitiba e que já conta com mais de 25 mil usuários cadastrados, André Marin também recomenda cautela. “Você intermediar um artigo de terceiro, não te exime de ter um plano de caixa e estruturação econômica. A Uber opera com prejuízo, mas tem caixa para isso e tem um objetivo claro de no futuro atingir o carro autônomo. Por isso, ela investe muito”.

A empresa norte-americana recebeu investimentos na ordem de US$ 9 bilhões e já vale mais de US$ 60 bilhões, mas ainda opera com prejuízo de US$ 2,5 bilhões – algo previsto quando há grandes investimentos em inovação e possível nesse modelo de negócio. Sem contar o dinheiro “perdido” em confusões trabalhistas. “São modelos de baixa margem por transação. Como um varejista, dependem de um volume muito grande de transações para gerar volume razoável de lucros”, adverte Coutinho.

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