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Governo não cumpre com rotina de transferências, dizem policiais após motim

Celas 11º Distrito Policial de Curitiba estão alagadas e sem serviços de luz e água após a rebelião de duas horas do fim de semana | Isabel Kügler Mendes/Divulgação
Celas 11º Distrito Policial de Curitiba estão alagadas e sem serviços de luz e água após a rebelião de duas horas do fim de semana (Foto: Isabel Kügler Mendes/Divulgação)

Depois da rebelião na carceragem do 11º Distrito Policial, localizado na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), durante o último fim de semana, os policiais da unidade tentam retomar os serviços nesta segunda-feira (3). Mas cobram do governo do estado que cumpra a rotina de transferências dos presos das delegacias da Grande Curitiba, como prometido desde março deste ano. Segundo um agente de polícia que não quis ser identificado, o estado precisa assumir seus presos e honrar com o prometido.De acordo com o sistema de transparência carcerária da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), as delegacias de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral têm 506 vagas, mas 892 presos, quase o dobro do recomendado.

Ao todo a delegacia do CIC abriga 152 detentos, número quatro vezes superior ao máximo previsto. E, após a rebelião, todas as 10 celas da unidade estão alagadas, os cadeados da carceragem foram quebrados e tanto encanamento quanto a fiação de energia elétrica não funcionam normalmente. Até o fim da semana, a situação deve voltar ao normal, como afirmam alguns policiais da unidade. Apenas um agente e um investigador de polícia foram feridos e seis presos foram baleados durante a confusão no fim de semana. Todos passam bem e não correm risco de morte

Cobranças pela transferência semanal de presos

Para Isabel Kügler Mendes, advogada e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), que realizou uma vistoria nas carceragens do 11º DP nesta segunda, a situação é desumana. "Os presos estão seminus e não têm acesso à água nem à energia elétrica", relata Isabel. "E tudo isso foi desencadeado pelo governo do estado. Ele nunca poderia ter levantado a possibilidade das transferências semanais sem antes ter uma estrutura pronta. Mas foi isso que aconteceu", critica.

O presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), André Gutierrez, diz que a delegacia do 11º DP "é como um barril de pólvora". "A gestão carcerária no estado está em estado lastimável. Nada funciona. Eles prometeram e não esvaziaram as delegacias", completa. A categoria formada por 4,5 mil policiais do estado vai realizar assembleias nas próximas quarta (5) e quinta-feira (6) para discutir a situação em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. "Não descartamos a paralisação", diz Gutierrez.

Procurada pela reportagem, a Seju informa que vem absorvendo semanalmente mais de 110 detentos das delegacias da Grande Curitiba, quando o prometido foi absorver 80. "Só no mês de outubro, foram implantados no Sistema de Execução Penal do Paraná 265 presos só do 11º DP", diz a secretaria.

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