Após quase dois anos de discussão estagnada, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vai comunicar a Prefeitura de Londrina, no Norte do Paraná, nos próximos dias que a chamada "Área 2", localizada depois do Distrito de Maravilha, é a única habilitada para a construção do novo aterro sanitário. O local fica na Fazenda São Gregório, a 30 quilômetros do centro e a 20 quilômetros do atual aterro controlado, em vias de esgotamento. A área, de 25 alqueires, tem 750 mil metros quadrados equivalente a 75 campos de futebol.
Para liberar o local, no entanto, o IAP exigirá da Prefeitura o cumprimento de 19 exigências para a concessão da Licença Prévia (LP) e da Licença de Instalação (LI), antes da operação. Entre as obrigações impostas, algumas já foram rejeitadas pelo atual governo municipal - como a instalação de uma central de compostagem, com o objetivo de reduzir o aterramento de resíduos orgânicos e propiciar o reaproveitamento.
Outra medida determinada pelo IAP, também já rejeitada pela atual administração, é a formalização, de acordo com as leis trabalhistas, dos 500 coletores de recicláveis das 30 ONGs que compõem o sistema de coleta seletiva. Atualmente, todos atuam, sem vínculo empregatício ou garantias previdenciárias, na separação diária de 110 toneladas de recicláveis na cidade praticamente um terço do lixo produzido em Londrina. A exigência é de que a área tenha vida útil mínima de 10 anos.
O local, agora liberado pelo IAP, encontrou e ainda encontra resistência da Sanepar, que há um ano apontou riscos para a captação de água no Rio Tibagi. O terreno está na área de influência do Ribeirão Taquara, bacia do Ribeirão dos Apertados, que deságua no Rio Tibagi. Cerca de 25 quilômetros rio acima fica a captação da Sanepar no Limoeiro. Com o impedimento apontado pela Sanepar, a discussão sobre a implantação da nova unidade ficou parada e a notícia da liberação surpreendeu a estatal, assim como a própria Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e a Secretaria Municipal do Ambiente (Sema).
"Indicamos uma área e aguardamos os documentos do IAP", afirma Mauro Yamamoto, presidente da CMTU, sem saber da decisão. "Se está saindo, temos que aguardar porque ainda nada sabemos. O local depende das condições ambientais", diz Gerson da Silva, secretário de ambiente. "Não fomos avisados e confesso que essa área escolhida era na verdade a nossa segunda opção", afirma Elsoni José Delavi, coordenador de resíduos da CMTU e integrante do grupo formado para discutir o assunto. "As condicionantes são a garantia do equilíbrio ambiental para o novo aterro. O cumprimento dos quesitos depende do esforço e do comprometimento do Município", atestou o presidente do IAP em Curitiba, Victor Burko. "Dizer que não vai ter impacto é impossível, mas não se trata de um lixão, como antigamente."