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Inquérito vai apurar se agentes facilitaram rebelião na PCE

Subiu para seis o número de detentos mortos após a rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana. O motim começou por volta das 21 horas de quinta-feira (14) e terminou somente às 16 horas de sexta-feira (15). Nesta segunda-feira (18), o governador Roberto Requião (PMDB) determinou a instauração de um inquérito para investigar se agentes penitenciários têm responsabilidade pela rebelião.

Cinco detentos morreram durante a revolta e outro foi encaminhado com ferimentos graves ao hospital. Ele acabou não resistindo e morreu. Outros sete ficaram feridos. Até agora dois mortos já foram identificados oficialmente: Orlando Quartarolli e Alexandre Carlos Simões. Três vítimas morreram carbonizadas e continuam sem identificação no Instituto Médico Legal (IML). Não está descartada a necessidade de exames de DNA ou de arcada dentária para se obter as identidades dos corpos.

Durante a rebelião, três agentes penitenciários foram mantidos reféns, mas foram libertados sem ferimentos. A revolta destruiu parte da estrutura interna da PCE, como grades e portas, impedindo a manutenção de todos os presos no local. Por isso, nesta semana, parte dos detentos deve ser transferida para a Penitenciária Estadual de Piraquara e para o Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara até que o principal presídio do estado volte a suas plenas condições.

Segundo o governo do estado, o confronto entre presos de facções rivais é apontado como o principal motivo da rebelião, e pode ter sido facilitado. "A informação que alguns agentes e presos deram à imprensa, no transcorrer da rebelião, é que agentes ou o pessoal interno da penitenciária, a partir do chefe da segurança, liberaram numa única ala grupos antagônicos de presos. Isso provocou o conflito e as mortes", afirmou Requião ao site da Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial de notícias do governo.

Para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, Clayton Agostinho Auwertzr, a acusação do governador não faz sentido. "Isso é mais um capítulo do festival de bobagens que assola o Paraná. Isso é desespero de causa", afirmou. O sindicato enviou uma carta à impressa sobre o caso. (Leia ao lado)

Polêmica

Dois dias antes da rebelião, a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) retirou alguns policiais militares da penitenciária. Eles eram responsáveis por fazer a guarda armada do local, em apoio aos agentes, e estavam dentro da PCE desde 2001, data da última rebelião que aconteceu no local. Segundo a Sesp, 20 PMs teriam sido transferidos.

Para o secretário estadual da Justiça, Jair Braga, essa situação foi determinante para que a rebelião fosse iniciada. "Se a PM não tivesse saído, a rebelião não teria acontecido", afirmou ao repórter Heliberton Cesca, da Gazeta do Povo. Braga ainda considera que a facilidade de comunicação que os presos possuem também colaborou para a organização do motim.

Na reunião Mãos Limpas, na manhã desta segunda-feira (18), o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, disse que a rebelião não tem nenhuma ligação com a retirada dos policiais da PCE. "Dos 82 policiais que estavam na unidade permaneceram 62, porque estudos comprovaram que o número seria suficiente. Depois da retirada dos policiais, tivemos dias de tranquilidade, o que comprova, mais uma vez, que a rebelião aconteceu por outro motivo", disse Delazari à AEN.

Segundo informações dos agentes penitenciários, seriam apenas 48 policiais militares que faziam a guarda armada antes da retirada dos policiais, ordenada pela Secretaria da Segurança. "A rebelião aconteceu por causa da retirada dos PMs da penitenciária. Nós sabíamos que isso iria acontecer. A gente avisou sobre o perigo da retirada", disse Auwertzr. O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários enviou um ofício à Ordem dos Advogados do Brasil falando sobre a preocupação com a medida da Sesp. "Se nós estávamos avisando sobre o perigo de rebelião, como iríamos ajudar os presos?", definiu.

De acordo com a Sesp, dos cerca de 1.500 detentos da PCE, aproximadamente 1.200 se envolveram, de alguma forma, no conflito.

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