Ao receber uma equipe da Polícia Federal (PF) em seu apartamento, em São Bernardo do Campo (SP), às 6h da sexta-feira (4), o ex-presidente Lula disse que queria prestar seu depoimento em sua residência e que só sairia de lá algemado. Após conversar por telefone com seu advogado, Roberto Teixeira, no entanto, concordou em ser levado para o Salão Presidencial do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, em uma viatura descaracterizada — e sem algemas.
As informações constam de documento assinado pelo delegado da PF Luciano Flores de Lima, endereçado ao juiz Sergio Moro e anexado no domingo (6) ao processo. Lima chefiou a equipe que cumpriu o mandado de condução coercitiva expedido contra Lula. O delegado também conta que parlamentares tentaram forçar entrada na sala onde o ex-presidente prestou depoimento, no aeroporto, e que a defesa de Lula gravou as três horas de depoimento.
O delegado afirma, no documento, que chegou ao apartamento do ex-presidente às 6h e que foi o próprio Lula quem abriu a porta. Após escrever que entregou os mandados de busca e apreensão para que Lula lesse, o delegado relata um breve diálogo que teve com o ex-presidente: “Informei ao ex-presidente Lula que deveríamos sair o mais rápido possível daquele local, em razão da necessidade de colhermos suas declarações, a fim de que sua saída do prédio fosse feita antes da chega de eventuais repórteres e/ou pessoas que pudessem fotografar ou filmar tal deslocamento.”