A baixa adesão de políticos da direita está desinflando uma manifestação nacional marcada para esta quarta-feira (15/11), feriado da Proclamação da República. A convocação para as passeatas em diversas cidades do Brasil, que tem sido feita há mais de um mês via redes sociais e aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram, ainda está a cargo somente de pequenos movimentos e influenciadores, e não recebeu a chancela de grandes personalidades da política.
Nas redes, o mote mais usado para convocar participantes para a manifestação é o "fora Lula" – pelo impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma postagem de quase dois meses atrás no Instagram com mais de 54 mil curtidas afirma: "A terra não tremeu ainda! Aguarde, bandido! Sua hora tá chegando!", em referência ao petista.
A exigência do voto com contagem pública também tem sido tratada como pauta prioritária. Os grupos participantes da manifestação pretendem usar o evento para viabilizar um projeto de iniciativa popular sobre o tema, o que depende da obtenção de assinaturas de ao menos 1% de todo o eleitorado nacional.
Bethy Frank, presidente do movimento Abrapa (Organização Brasileira dos Patriotas) no Paraná, explica que o Supremo Tribunal Federal (STF) não será um dos alvos dos protestos. A omissão do Senado em relação aos desmandos do Supremo, por outro lado, será um dos focos. "Tudo o que estamos passando hoje é culpa do Senado. O único que pode fazer algo quanto ao STF e ao TSE é o Senado, mas ele é omisso", diz.
Para Bethy, diante da notícia de que Luciane Barbosa Farias, conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, integrante da facção criminosa Comando Vermelho, foi recebida duas vezes neste ano por assessores do ministro Flávio Dino, no prédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a pauta do "fora Dino" também pode chegar com força à manifestação.
Mesmo com as múltiplas bandeiras, a manifestação tem sido ignorada por grandes figuras da direita. Políticos com forte carisma nas redes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, ainda não mencionaram as manifestações do dia 15/11.
Isso contraria a tendência de ambos em outras manifestações nacionais organizadas por seus apoiadores. Nos dias anteriores à passeata contra o aborto de 12/10, por exemplo, ambos publicaram vídeos convocando a população para o evento.
Grupos ainda esperam adesão dos políticos à manifestação
Por enquanto, uma das poucas iniciativas partindo de políticos foi a divulgação de um vídeo por parlamentares do Rio Grande do Sul – como o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), a vereadora de Porto Alegre Comandante Nádia (PP) e o deputado estadual Joel Wilhelm (PP) – convocando para uma manifestação às 14h do dia 15/11 no Parcão, em Porto Alegre.
O ativista Adilson Zambotti, colaborador de diversos grupos que coordenam as manifestações, afirma que os organizadores ainda esperam a adesão de mais políticos.
"Não houve uma chamada nacional de grandes grupos. Nós, pequenos, é que nos envolvemos e trabalhamos da nossa maneira, esperando que no meio do trajeto pudesse haver um engajamento de alguma liderança nacional e dos políticos. Isso sempre acontece na metade do prazo – por exemplo, quando a gente marca com dois meses, dois meses e meio de antecedência, após um mês ele começa a ganhar uma projeção maior e atinge esse pessoal, e eles acabam engajando. Mas, dessa vez, não houve isso", lamenta. "Vamos torcer para que algum fato novo venha à tona, para que a gente ganhe mais tração para levar o pessoal para as ruas", acrescenta.
A adesão popular, segundo ele, também estava fraca nas redes, mas melhorou bastante nos últimos dias. "A gente vinha trabalhando há um mês e meio e estava bem devagar. Agora, dez dias antes do manifesto, a coisa começou a pegar fogo", comenta.
O movimento Nas Ruas, que tem centenas de milhares de seguidores nas redes, mas não vinha falando sobre o evento, começou a fazer postagens no último domingo (12) convocando manifestantes.
Para o principal ponto da manifestação no Brasil – a avenida Paulista, em São Paulo, às 12h do dia 15 –, Adilson prevê "em torno de 10 a 15 mil pessoas, não mais do que isso". "Mas, de repente, surpreende. A gente nunca sabe o que pode acontecer", diz. "Nossa parte nós fizemos: organizamos, estamos com faixas, caminhão na Paulista em frente ao MASP [Museu de Arte de São Paulo], tudo organizado."
Veja alguns locais e horários previstos de manifestações em todo o Brasil no dia 15/11
Bahia
- Salvador: Farol da Barra: 10h
Ceará
- Fortaleza: Praça Portugal: 15h
Distrito Federal
- Brasília: Catedral: 10h
Espírito Santo
- Vitória: Praça do Papa: 12h
Goiás
- Goiânia: Praça Tamandaré: 8h
- Mineiros: Praça Nova: 16h
Mato Grosso
- Cuiabá: Praça das Bandeiras: 15h
Minas Gerais
- Belo Horizonte: Praça da Liberdade: 10h
- Varginha: Praça da Concha Acústica, Centro: 10h
Pará
- Tucuruí: Posto da Cidade da Luz: 7h
Paraná
- Curitiba: Praça Nossa Senhora de Salete: 14h
- Prudentópolis: Av. São João, Centro: 9h
Pernambuco
- Caruaru: Grande Hotel: 10h; Na Frente do Grande Hotel: 8h
- Recife: Boa Viagem: 9h
Rio de Janeiro
- Resende: Parque das Águas: 9h
- Rio de Janeiro: Copacabana, Posto 5, Esquina c/ Rua Miguel Lemos: 10h
- Três Rios: Avenida Beira Rio: 10h
- Volta Redonda: Praça Brasil: 9h
Rio Grande do Norte
- Natal: Av. Salgado Filho, Shopping Midway: 15h
Santa Catarina
- Canoinhas: Av. Rubens Ribeiro da Silva 999, Campo d'Água Verde, Pátio do Hotel Pampas ao lado da churrascaria portal: Horário não especificado
- Florianópolis: Trapiche da Beira Mar: 14h
São Paulo
- Campinas: Praça Largo do Pará: 9h
- Jundiaí: Av. 9 de Julho, Sob. Viaduto Eng. Romão Nasser: 10h
- São José do Rio Preto: Centro Regional de Eventos: 9h
- São Paulo: Avenida Paulista: 14h
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