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Posse de Trump

Moraes cita viagem inexistente de Filipe Martins em decisão que nega passaporte a Bolsonaro

Alexandre de Moraes citou trecho de uma decisão proferida em janeiro de 2024, quando afirmou que Martins teria saído do Brasil
Alexandre de Moraes citou trecho de uma decisão proferida em janeiro de 2024, quando afirmou que Martins teria saído do Brasil (Foto: Antonio Augusto/STF; Reprodução/Instagram Filipe Martins; Isac Nóbrega/PR )

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou a viagem inexistente do ex-assessor Filipe Martins como um dos argumentos para manter retido o passaporte do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. A decisão foi protocolada na última quinta-feira (16).

A viagem citada pelo ministro na decisão foi usada para prender Filipe Martins por seis meses, em 2024, mas sua inexistência já foi comprovada de forma reiterada pela defesa do rapaz e apontada pela própria Polícia Federal (PF).

No documento, entretanto, o ministro recupera uma decisão proferida por ele mesmo em 26 de janeiro de 2024, na qual cita pessoas que teriam saído do país para viagens e compromissos no exterior enquanto eram investigadas.

Segundo o magistrado, alguns “não mais regressaram ao Brasil desde então, como é caso do ex-assessor para assuntos internacionais Filipe Garcia Martins, que viajou a bordo do avião presencial em 30.12.2022 com destino à cidade de Orlando/EUA”, diz o texto.

Ainda no trecho citado por Moraes (imagem abaixo), há afirmação de que o ex-assessor teria deixado o Brasil “sem realizar o procedimento de saída com o passaporte em território nacional, não havendo até o presente momento registro de retorno”.

Ainda no trecho citado pelo ministro (imagem abaixo), a situação demonstra “possibilidade de tentativa de evasão dos investigados, intento que pode ser reforçado a partir da ciência do aprofundamento das investigações”. O magistrado, então, negou a devolução temporária do passaporte do ex-presidente Bolsonaro para ida à cerimônia de posse do presidente norte-americano Donald Trump, marcada para a próxima segunda-feira (20).

A PF apontou inexistência da suposta viagem de Filipe Martins

Em novembro de 2024, a PF afirmou que a viagem usada como argumento para prisão de Filipe Martins não existiu e que, em vez de ter fugido, como afirmado inicialmente no relatório que levou à prisão do ex-assessor, ele teria, na verdade, forjado “uma possível saída do Brasil” para “dificultar sua eventual localização e consequente aplicação da lei penal”.

A argumentação foi negada pela defesa, que informa ter apresentado, desde o início da investigação, os comprovantes de que Filipe permanecia no Brasil e que sua localização era em Ponta Grossa, no Paraná, onde foi, inclusive, preso dia 8 de fevereiro de 2024 por ordem de Moraes.

Segundo investigação da PF, a “fuga” de Martins estaria fundamentada no fato de o nome dele ter sido encontrado em uma lista de passageiros no computador de Mauro Cid — um documento editável e não oficial. A corporação também disse que havia registro da entrada do ex-assessor nos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022 pela cidade de Orlando (Flórida).

A defesa de Martins, no entanto, chama esse documento de “fraudulento” e afirma que o caso está sendo investigado nos Estados Unidos da América para responsabilizar os agentes que participaram da “perseguição” ao ex-assessor. Segundo a defesa, diversos motivos tornaram a prisão abusiva.

O rapaz permaneceu seis meses preso, sem denúncia do Ministério Público (MP), e juristas apontaram que seu pedido de prisão careceu de fundamentação.

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