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questão agrária

MST quer 100% da Araupel

Sem-terra começam a erguer barracos para as 2,5 mil famílias | Fábio Conterno/Gazeta do Povo
Sem-terra começam a erguer barracos para as 2,5 mil famílias (Foto: Fábio Conterno/Gazeta do Povo)

O clima ainda é tenso nos municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu, Região Centro-Sul, devido à invasão de uma nova área de terras da empresa Araupel. A ocupação feita pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) na madrugada de quinta-feira coloca em risco 1.050 empregos diretos. "Os trabalhadores da Araupel estão convidados a vir acampar com a gente. Acho que são classes trabalhadoras também, são oprimidos assim como nós somos. Então, nada mais justo do que a gente convidar eles a acampar", afirma Mônica Macedo, da coordenação estadual do movimento.

Os sem-terra prometem cumprir um juramento feito há 18 anos durante o velório de José Alves dos Santos e Vanderlei das Neves, ambos de 16 anos, mortos na primeira ocupação. Na época, eles prometeram que enquanto existisse um pedaço de terra pertencente à Araupel, iriam lutar para que seja desapropriado para fins de reforma agrária. "Enquanto existir área neste latifúndio, a gente vai ocupar, resistir e produzir. A gente tomou isso como um juramento", disse um dos integrantes da ocupação de 1996, que se identificou como Kiko. Hoje ele ajuda os quatro filhos e outros jovens que fazem parte do novo acampamento.

Quatro dias após a invasão, a Gazeta do Povo esteve no assentamento onde o MST estrutura os barracos das 2,5 mil famílias. O acesso é controlado por um rigoroso sistema de segurança. Em uma guarita, vários "seguranças" abordam quem queira entrar no local. Segundo Mônica, a medida é para evitar que armas e bebidas sejam levadas para o acampamento e tmbém para garantir a segurança de todos. "Independentemente de quem passar por aqui, seja sem terra ou a presidente da República, nós vamos revistar, de forma educada."

Segundo o MST, assim que terminarem de estruturar o acampamento com os barracos, os sem-terra prometem iniciar o plantio na área. "Agora é plantar, produzir e mostrar a que viemos enquanto movimento sem-terra. A expectativa é muito grande de todas as famílias que estão aqui, de poder de sobreviver da terra", diz Mônica.

João Xester, um dos integrantes do acampamento denominado de Herdeiros da Terra 2, disse que a expectativa é grande em conseguir um espaço de terra. Ele conta que já se aventurou tentando ganhar a vida na cidade, mas não conseguiu ficar longe do campo. "Eu quero ver o progresso da agricultura e pelo movimento é a única maneira de se conseguir um pedaço de terra."

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