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Polêmica

Mulheres protestam contra violência obstétrica em Paranaguá

Dezenas de mulheres se reuniram em frente ao Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá, na tarde deste sábado (22) para pedir melhores condições no atendimento às grávidas da cidade. A manifestação foi marcada pelas redes sociais após o hospital ter supostamente negado atendimento a uma jovem de 17 anos. Um grupo já havia se reunido em frente ao hospital na sexta-feira (21) com faixas pedindo a direção do estabelecimento que afaste o médico responsável pelo caso. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) admite que a jovem que teve atendimento negado já estava em trabalho de parto pela manhã, mas negou que ela tenha sido orientada a voltar para a casa. A mulher, de 17 anos, estava de 41 semanas e após duas cesárias terem sido canceladas, chegou ao Hospital Regional com fortes dores na manhã de quinta-feira (20). A versão da família é que ela teve atendimento foi negado e, após desmaiar em frente ao hospital, a família procurou uma TV da cidade. Quando a grávida chegou à emissora, foi constatado que ela já estava em trabalho de parto e a mesma foi levada ao hospital.

A reportagem da Gazeta do Povo acompanhou a jovem até o estabelecimento e, com a presença da imprensa, ela foi rapidamente atendida. Pouco mais de uma hora depois, o bebê nasceu. A família registrou boletim de ocorrência contra o médico por omissão de socorro. Segundo a avó da jovem, o médico responsável pelo atendimento disse que a família errou em alertar a imprensa. O profissional teria dito ainda que, por isso, a neta dela iria sofrer na sala do parto. O responsável pelo procedimento também teria afirmado à jovem que ela estava sendo irresponsável por ter uma segunda gravidez e que, na hora de "fazer o filho", não pensou nisso. Outro lado

Em nota, a Sesa informou que "a orientação da equipe de saúde foi para que a gestante se mantivesse caminhando no hospital, o que facilita o trabalho de parto. A paciente não apresentava nenhum sintoma que indicasse a realização de parto cesáreo, pois não havia riscos para a mãe e o bebê. No entanto, a família resolveu deixar o hospital, voltando horas depois quando a paciente já estava em fase adiantada do trabalho de parto. A criança nasceu com saúde e já está no quarto com a mãe, tendo inclusive sido amamentada. A Secretaria de Estado da Saúde vai avaliar o atendimento da gestante e da família durante a internação da parturiente no Hospital Regional do Litoral".

A direção do hospital foi procurada, mas ninguém quis comentar o caso. Assembleia fará diligências no Hospital Regional na próxima semana O deputado Leonaldo Paranhos (PSC), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Único de Saúde (SUS), na Assembleia Legislativa do Paraná, disse que casos de omissão na saúde têm sido recorrentes neste hospital e vai pedir uma investigação sobre o tema, inclusive com a realização de diligências, na próxima semana. A subcomissão de Violência Obstétrica da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) também pretende ir ao Litoral para colher relatos de mulheres que passaram por algum tipo de abuso durante a gestação ou o parto. "Casos como estes representam violação de direitos humanos e fundamentais para as mulheres. São rotineiros e generalizados. A violência é silenciosa e banalizada pelo próprio agressor", disse a advogada Sabrina Ferraz Batista.

A subcomissão deve ainda colher relatos de mulheres em Paranaguá que sofreram violência do médico acusado e encaminhar para o Ministério Público e para o Conselho Regional de Medicina (CRM) para providências.

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