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Segurança

Polícia cruza os braços

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Quem precisar de serviços da Polícia Civil nos próximos dias deve ter paciência. Os policiais prometem entrar em greve à meia-noite de hoje (zero hora de amanhã) em todo o estado. Apenas 30% do efetivo da corporação vai trabalhar. A emissão de boletins de ocorrência nas delegacias e a expedição de carteiras de identidade no Instituto de Identificação do Pa­­raná, entre outros serviços, serão prejudicados.

"Vamos manter apenas o atendimento aos casos de crime contra a vida", avisa o presidente do Sin­dicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), An­­dré Gutierrez. Além dos homicídios, serão atendidos os casos de latrocínio, embora esse tipo de delito seja descrito no Código Penal dentro do capítulo dos crimes contra o patrimônio. O Instituto Médi­co-Legal (IML) funcionará normalmente.

Reivindicações

A principal reivindicação dos policiais é a implantação de um plano de carreira, previsto no Decreto 5.721, de 2005, que trata do plano de modernização da polícia. "Até agora o plano de carreira não andou", afirma Gutier­rez. "O governo do estado alega que precisa de mais estudos."

O presidente do Sinclapol lembra que outras categorias de servidores estaduais tiveram seus planos de carreira implantados. É o caso dos professores e dos policiais militares.

Os policiais civis se queixam ainda da discrepância dos porcentuais de correção salarial. De acordo com o Sinclapol, durante os dois mandatos do atual governo, o reajuste médio dos salários da Polícia Militar chegou a 217%, enquanto a Polícia Civil teve apenas 51% de reposição.

Outro item reivindicado pela corporação é a melhoria das condições de trabalho. "O mais urgente é retirar os presos das delegacias", afirma o dirigente sindical. "Fazer a guarda de presos é atribuição da Secretaria da Justiça. Esse desvio de função da Polícia Civil é uma ilegalidade. Temos de exercer nossa função de polícia judiciária."

O Sinclapol vem vistoriando delegacias de todas as regiões do estado para verificar as condições de trabalho. Já foram visitadas 50 unidades, e em breve deve ser divulgado o balanço. A superlotação, agravada pela presença de detentos já condenados, é constante. O sindicato vai pedir ao Con­selho Nacional de Justiça que faça inspeções nas delegacias policiais e não só no sistema penitenciário.

Para os grevistas, o atual efetivo da corporação, de aproximadamente 3,2 mil policiais, é insuficiente. "Precisaríamos dobrar nosso efetivo", diz Gutierrez.

Em Curitiba, os plantões noturnos e nos fins de semana mostram a precariedade do atendimento da Polícia Civil à população. De segun­­da a quinta-feira, das 19 horas às 7 horas do dia seguinte, e nos fins de semana, das 19 horas de sexta às 7 horas de segunda-feira, o atendimento ao público fica concentrado nos dois Centros Inte­grados de Atendimento ao Cidadão (Ciacs). Nesses horários, também funcionam as delegacias especializadas, que registram apenas flagrantes.

No Ciac Centro, anexo ao 1.º Distrito Policial (DP), são registradas apenas as ocorrências da região central da capital. Para todas as outras áreas – zonas norte, sul, leste e oeste –, a unidade de plantão é o Ciac Sul, anexo ao 8.º DP, no bairro Portão. Segundo um policial que pediu para ficar no anonimato, em dias de movimento típico o cidadão pode ter de esperar várias horas para ser atendido. Gutierrez confirma. "O cidadão acaba sendo vítima duas vezes: do criminoso e do Estado, que não tem uma política séria para garantir o direito à segurança", critica.

Programação

O primeiro dia de greve será marcado por manifestações na Boca Maldita, Centro de Curitiba, e também no calçadão central de Lon­drina. Na capital, das 8h30 às 9 horas, estará em funcionamento o "Portal da Insegurança". "Será uma pesquisa de campo sui generis: vamos instalar uma catraca de ônibus zerada", conta o sindicalista. "As pessoas poderão passar para registrar seu descontentamento com a segurança pública."

A paralisação foi confirmada na semana passada, depois de assembleias promovidas em Curi­tiba, Londrina, Maringá e Cascavel. "A categoria está coesa", garante Gutierrez. "A greve foi aprovada por unanimidade em três das quatro assembleias. E na outra a aprovação atingiu 90%."

Procurada pela Gazeta do Povo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não havia manifestado sua posição sobre o movimento grevista até o início da noite de ontem.

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Interatividade

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