Sengés e Tomazina - A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil confirmou ontem que quatro pessoas morreram, três delas da mesma família, em Sengés, no Norte Pioneiro do Paraná, por causa das chuvas no fim de semana. Uma pessoa continua desaparecida. As chuvas de sexta-feira e sábado também causaram estragos em Tomazina, Pinhalão e São José da Boa Vista, e provocaram a interdição de estradas e pontes na região. Em todo o estado, cerca de 1,1 mil pessoas estão desabrigadas. Ontem pela manhã, o governador Roberto Requião sobrevoou a região em um helicóptero e anunciou que o primeiro objetivo será restabelecer o tráfego nas regiões afetadas.
Em Sengés, onde as ligações por terra foram cortadas devido a estragos na PR-239 e na PR-151, o socorro vem sendo feito por dois helicópteros da Defesa Civil. Na noite de sábado o helicóptero resgatou uma gestante e a levou à Santa Casa de Misericórdia de Itararé (SP). Uma equipe do Corpo de Bombeiros de Jaguariaíva conseguir chegar à cidade por meio de estradas de chão que interligam as fazendas da região. Ontem pela manhã os bombeiros encontraram os corpos de Simone de Fátima, 34 anos, Adrian Miranda, 3 anos, e Ezequiel Meira da Silva, 70 anos. À tarde foi localizado o corpo de uma mulher identificada apenas como Miriam. No início da noite, os bombeiros ainda procuravam José Cícero Silva, que permanecia desaparecido.
A cheia do rio Jaguaricatu, que passa no centro da cidade, provocou o alagamento de dezenas de casas e pontos comerciais. A cidade está desabastecida de água e luz e os telefones não funcionam. Segundo o prefeito Walter Juliano Doria (PMDB), cerca de 300 pessoas estão desalojadas (em casas de parentes) e pelo menos 100 estão em abrigos improvisados. Em algumas residências, a água chegou a 2,5 metros de altura.
Entre sexta-feira e sábado choveu 215 milímetros na estação meteorológica de Jaguariaíva, vizinha a Sengés a média histórica do mês de janeiro é de 200 milímetros. O excesso de chuva estourou manilhas que passavam sob o quilômetro 8 da rodovia PR-239 (entre Sengés e Itararé-SP) na noite de quinta-feira. A situação se agravou na tarde de sexta-feira, quando as manilhas do quilômetro 182 da rodovia PR-151 (entre Sengés e Jaguariaíva) também estouraram. Formaram-se duas crateras nas pistas, provocando o isolamento do município de 20 mil habitantes. Um desvio deve ser finalizado em até 15 dias.
Tomazina e São José
Em Tomazina, o Rio das Cinzas subiu 10 metros acima do seu nível normal, alagando cerca de 40 residências e vários estabelecimentos comerciais. Ontem, ainda faltava água. Para sair ou entrar na cidade, equipes dos bombeiros e da Polícia Militar usaram a plataforma de um caminhão guincho. Os desabrigados estão alojados em dois colégios e no Santuário de Santo Inocêncio. O prefeito Guilherme Saliba Costa (PSDB) disse que os prejuízos são incalculáveis.
Em São José da Boa Vista, cerca de 120 pontes sobre os 850 quilômetros de estradas rurais caíram e aproximadamente 3 mil moradores da zona rural ficaram isolados. A previsão do prefeito Dilceu Bona (PSDB) é de que os prejuízos cheguem a R$ 10 milhões. "Há 40 mil litros de leite parados nas propriedades rurais de 470 famílias produtoras. Tenho bairros rurais com 800 moradores e eles não conseguem sair porque não tem ponte", disse. O início das aulas, previsto para o dia 8 de fevereiro, foi adiado. Dos 2,3 mil alunos do município, 1,4 mil moram na zona rural. Os três rios que cortam o município subiram quase 18 metros e inundaram dezenas de casas na periferia. No centro da cidade, cerca de 300 famílias tiveram que deixar suas casas e três estão em igrejas do município.
Colaboraram Rodrigo Kwiatkowsky da Silva e Henry Milléo