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Heróis nas dificuldades

Ilhota - Eles têm 60, 70, 80 anos e nunca imaginaram que nessa fase da vida teriam de recomeçar. Idosos atingidos pelo desastre provocado pelas chuvas em Santa Catarina sofrem a dor da perda de parentes, vêem o lugar onde nasceram ser atingido por deslizamentos de terra e, já aposentados, pensam em como reconstruir suas vidas. Muitos deles, inclusive, foram verdadeiros heróis.

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Plano de Ação

O Plano Internacional de Ação para o Envelhecimento foi elaborado na 2ª Assembléia Mundial do Envelhecimento, realizada na Espanha, em 2002. O Brasil é um dos países signatários do documento, que pede prioridade no atendimento a idosos em situações de calamidade.

Confira algumas prioridades do Plano

Esqueça a máxima "Mulheres e crianças primeiro". A frase só funciona nas cenas de ficção de resgate e salvamento. Na hora de estabelecer prioridades e seqüências de atendimento em acidentes, calamidades ou desastres naturais, o que conta é a condição de saúde da vítima e os riscos a que ela está exposta. Idosos, crianças, homens e mulheres atingidos pelas enchentes em Santa Catarina são resgatados de acordo com as situações de maior gravidade. "Há um roteiro-base, com rotas pré-estabelecidas e hospitais de referência que são usados nas emergências. Também há a preocupação de manter as famílias juntas, onde uns ajudam os outros. Mas o fator determinante é o risco de morte. Se a pessoa tem ferimentos graves ou está em área de alagamento iminente ou deslizamento, por exemplo, ela precisa ser retirada dali o mais rápido possível", explica o major Samuel Prestes, comandante do Grupo de Operação de Socorro Tático do Corpo de Bombeiros do Paraná, que esteve em Itajaí nos primeiros dias de trabalho das equipes de resgate.

Entre as 1.058 pessoas removidas pelas equipes paranaenses, havia idosos hipertensos, cardíacos, pacientes renais ou com problemas de locomoção. É justamente essa condição de vulnerabilidade que agrava a situação dos mais velhos. Para cada um deles, bombeiros e voluntários organizaram a retirada e o encaminhamento, atentos às necessidades mais urgentes e às prioridades dos mais debilitados. Em um dos casos mais dramáticos, as equipes procuraram por mais de duas horas um senhor de idade, vítima de derrame, que estava desaparecido no Baú.

Por causa da saúde debilitada e estrutura física frágil, os idosos têm mais dificuldade para conseguir abrigo e comida e precisam de cuidados extras no resgate e remoção. O Plano Internacional de Ação para o Envelhecimento, redigido durante a 2ª Assembléia Mundial do Envelhecimento, realizada em Madri, em 2002, determina o atendimento prioritário de pessoas mais velhas em casos de desastres naturais e calamidades públicas. "A capacidade funcional diminui com o passar dos anos. Quanto mais velho o indivíduo, mais lenta é a sua recuperação. A reserva do organismo é menor. Por isso, em igualdade de condições de risco, o idoso deve ter preferência no atendimento", explica a psicóloga carioca Laura Machado, especializada em Gerontologia. Entre outras diretrizes, o documento lista as ações de socorristas e autoridades no atendimento dos mais velhos (veja texto ao lado). O objetivo é garantir que as necessidades dessa parcela da população sejam rapidamente atendidas, para reduzir os danos de saúde provocados pelas tragédias.

Mas o idoso não é somente vítima em grandes catástrofes. Ele também pode atuar como um ponto de apoio importante no socorro aos desabrigados. "Em boas condições físicas, muitos idosos trabalharam como voluntários e ajudaram no resgate de seus parentes, vizinhos e até desconhecidos", conta o major.

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