Cinco presos do 8/1 que conseguiram liberdade provisória após a morte do empresário Cleriston Pereira da Cunha deixaram o Complexo Penitenciário da Papuda, nesta quarta-feira (23), com sentimento de gratidão e indignação. “Está todo mundo aqui. Obrigado, pessoal!”, disse o morador de Brasília, Tiago dos Santos Ferreira, emocionado por reencontrar a família após quase 11 meses de cárcere.
“Mas vou falar uma coisa”, continuou. “Temos que lutar por nossos irmãos que estão lá dentro porque eles estão se sentindo abandonados!”, gritou o rapaz de 28 anos no momento em que amigos lhe entregavam uma marmita para se alimentar. “O que adianta eu comer isso aqui se meus irmãos estão comendo comida azeda naquele lugar?”, questionou.
De acordo com a advogada Rannie Karlla, que representa Tiago e outros presos do 8 de janeiro, “não há nada que justifique a prisão e o sofrimento que essas pessoas estão passando, porque não cometeram crime nenhum”, afirmou em entrevista à Gazeta do Povo.
“Para existir um golpe de estado, é preciso que seja um grupo armado, e as pessoas do 8/1 levavam bandeiras e nem se conheciam, então nem grupo eram”, explicou a jurista, ao afirmar que eles têm sido tratados como “os piores criminosos”, sem direitos humanos e com muita dificuldade para defesa. “Estamos realizando todos os trâmites legais, mas, infelizmente, teve que ter uma morte para eles colocarem o processo para andar”, ao citar que “não há consonância entre Supremo Tribunal Federal (STF) e os demais poderes judiciários”.
Parecer favorável desde o mês de agosto
Segundo a advogada, Tiago estava com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) desde o final de agosto para receber liberdade provisória, assim como ocorreu com Cleriston, mas o caso não era analisado. “E o psicológico dele estava tão abalado, com picos de raiva e de desespero, que ele não queria mais conversar com ninguém, nem com advogados”, conta.
Agora, usará tornozeleira eletrônica com regras de horário para sair de casa e retornar, obrigatoriedade de permanecer na residência aos finais de semana, e de se apresentar no fórum toda segunda-feira. “Situações que restringem muito a rotina do indivíduo e não deixam a pessoa trabalhar de forma livre”, pontua Rannie.
Mesmo assim, a família agradece pela oportunidade de estar com o Tiago novamente. “Estou muito grata a Deus”, relatou a mãe Ivanilde, quando recebeu a notícia a respeito da liberdade provisória do filho. “Era para esses alvarás terem saído antes, para que o Cleriston também pudesse estar com a família, mas mesmo assim, isso agora é uma bênção”, relatou a mulher, após ficar 11 meses sem ver o filho.
Além de Tiago, também foram revogadas as prisões de Vitório Campos da Silva (72 anos), Jaime Junkes (67 anos), Jairo de Oliveira Costa (44 anos) e do jovem Wellington Luiz Firmino.
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